A obesidade infantil é uma doença que se carateriza por acumulação de gordura corporal acima dos padrões considerados normais para a idade e sexo. Para a Organização Mundial de Saúde, estamos perante um flagelo mundial, com necessidade urgente de serem instituídos programas e reforçados os já existentes, para que aconteça uma inversão da situação atual.
Portugal conseguiu, nos últimos 10 anos, reverter a prevalência do excesso de peso infantil de 37,9% em 2008 para 29,6% em 2019, dados muito positivos, infelizmente anulados pelo passado recente de confinamento, que contribuiu para aumento do sedentarismo, do isolamento e de acesso facilitado a alimentos.
Daí que não nos seja permitido qualquer abrandamento nos projetos implementados, pois continua a ser preocupante que 1/3 das nossas crianças tenha excesso ponderal, a maior parte quando em idade escolar, sujeita a bullying, com consequências nefastas para o desenvolvimento saudável de quem é vítima.
Em 95% dos casos, a obesidade infantil deve-se à interação de fatores genéticos e fatores ambientes e é em relação a estes últimos que podemos e devemos intervir com firmeza, de modo a impedir que as complicações físicas e psicológicas se instalem.
Cabe por isso aos adultos – pais, restante família, escola, serviços de saúde e Governo – continuarem a implementar e até reforçar regras que contribuam para a redução de números tão preocupantes. Cabe aos adultos não cederem perante as reações de contrariedade que os jovens quase sempre apresentam perante a alteração de hábitos.
E que hábitos alterar?
– No que concerne à alimentação, deixemos para dias de festa os refrigerantes, as gomas, as bolachas e muitos dos cereais carregados de açúcar e passemos a oferecer pão, hortaliça, fruta, carne, peixe;
– Deixemos de oferecer leite com chocolate ou afins, ou seja, com mais uma boa quantidade de açúcar;
– Comecemos sempre o almoço e o jantar por um prato de sopa de hortaliça, alimento nutricionalmente muito rico em vitaminas e sais minerais, por a água da cozedura dos produtos ser totalmente aproveitada;
–Nunca nos esqueçamos de que a criança engorda, não pelo que a mãe, pai ou avó dão, mas sim pelo que lhe chega ao estômago. Andemos pois muito atentos;
– Limitemos o tempo gasto com a televisão, computador e telemóvel a um máximo de 1 a 2 horas diárias, tendo sempre presente que uma atitude firme dos adultos diminui o conflito com os mais novos;
– Promovamos a prática de um desporto. Caso não seja possível, é igualmente eficaz pôr os meninos e meninas a jogar a bola, andar de bicicleta, saltar à corda, ou seja, a praticar jogos em que o movimento é uma constante.
Quando estas medidas não são suficientes para travar o aumento de peso, torna-se pertinente recorrer a uma consulta de Endocrinologia Pediátrica para avaliação da criança, despiste de alguma patologia facilitadora e instituição de um regime alimentar e atividade física adaptados à idade, ao gosto da criança e à realidade familiar.