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Pectus excavatum: tem tratamento?

publicado em 22 Ago. 2022

O Pectus excavatum, ou peito escavado, é uma deformidade congénita do esterno, caracterizada por uma depressão posterior do terço médio e inferior do osso e uma curvatura posterior das costelas associadas. Normalmente, é assimétrica, mais marcada para a direita.

 

O Pectus excavatum surge em uma a três em cada 1000 crianças, sendo três vezes mais frequente no sexo masculino e em 35% existem mais casos na família. É, muitas vezes, identificado nas primeiras semanas de vida, existindo a ideia de que a criança ao crescer vai melhorar. Contudo, trata-se de uma ideia errada, podendo mesmo haver um agravamento da depressão com o crescimento.

Cerca de dois terços dos doentes com Pectus excavatum costumam referir falta de ar ou cansaço ao fazer esforços. Menos frequentemente, pode surgir dor com o exercício ou falta de ar em repouso. Quando estes sintomas estão presentes, o doente deve ser observado e tratado.

Para além disso, muitas crianças e adolescentes referem ter sofrimento emocional devido à alteração estética, sendo esta, por si só, uma indicação para tratamento. Essa indicação para tratamento passa também pela severidade da depressão no esterno, sendo que uma das formas de a quantificar consiste em medir, nos exames de imagem, o diâmetro transverso e ântero-posterior. Quando a relação entre ambos, denominado índice de Haller, está muito aumentada, ou seja, o diâmetro transverso é muito superior ao diâmetro ântero-posterior, o doente deve ser operado. O principal tratamento é a cirurgia, podendo ser aberta ou minimamente invasiva.

 

A cirurgia aberta envolve uma incisão vertical sobre parte do esterno, a separação das costelas do esterno na zona afetada e a reparação do osso, reposicionando e fixando-o numa posição correta. Geralmente, coloca-se uma barra metálica atrás do esterno, de forma a evitar que a depressão se volte a formar, podendo ser removida ao fim de seis meses.

 

Outra alternativa é a cirurgia minimamente invasiva, onde se faz uma pequena incisão de cada lado da zona afetada do esterno. Cria-se um túnel por baixo do esterno e por ele introduz-se uma barra metálica que corrige a depressão. Esta retira-se ao fim de dois a quatro anos.

 

Após a cirurgia, é normal ter alguma dor, controlável com medicamentos, que desaparece em duas a três semanas, altura em que a criança ou adolescente pode voltar à escola, com início progressivo do desporto após seis semanas.

 

Existem terapêuticas não cirúrgicas, como a técnica de vácuo, na qual uma ventosa é aplicada sobre o esterno, puxando lentamente o osso para a posição correta. De referir que esta técnica tem melhores resultados quando a depressão no osso é pequena e simétrica.

 

Concluindo, as técnicas cirúrgicas apresentam todas bons resultados quando realizadas por um cirurgião experiente, com melhoria significativa da imagem, da falta de ar e do cansaço!