A doença de Crohn é um processo inflamatório crónico envolvendo principalmente o trato digestivo. Embora possa afetar qualquer parte do aparelho digestivo, da boca ao ânus, compromete mais frequentemente a última parte do intestino delgado (íleo) e/ou intestino grosso (cólon e reto).
A característica principal desta inflamação é geralmente invadir as camadas mais profundas do intestino.
A maioria das pessoas diagnosticadas com a doença de Crohn são jovens entre 15 e 35 anos. No entanto, a doença de Crohn também pode ocorrer em pessoas com 70 anos ou mais e também em crianças pequenas. De facto, 10% dos afetados têm menos de 18 anos. Homens e mulheres parecem ser igualmente afetados.
A causa exata da doença de Crohn permanece desconhecida logo ninguém pode prever como a doença afetará uma pessoa em particular. Investigadores descobriram que a doença de Crohn tende a ocorrer em certas famílias. Na verdade, até 20% das pessoas com doença de Crohn têm um parente de primeiro grau (ou mais próximo) com doença de Crohn (ou colite ulcerosa).
A maioria dos especialistas pensa que há uma explicação multifatorial, ou seja, que são necessárias várias circunstâncias ocorrendo todas em conjunto para provocar a doença de Crohn, a saber:
- Fatores genéticos;
- Reação inapropriada do sistema imunológico;
- Alguma coisa indeterminada no ambiente.
Como a doença de Crohn pode afetar qualquer parte do intestino, os sintomas podem variar muito de paciente para paciente. Desenvolvem-se gradualmente, mas às vezes surgem de repente, sem aviso.
Sintomas da doença Crohn
Os sintomas mais comuns e característicos incluem cólicas abdominais diarreia, febre, distensão abdominal e sangramento retal, mas variam de pessoa para pessoa e podem mudar com o tempo. Perda de apetite e subsequente perda de peso também podem ocorrer. A fadiga é outra queixa comum. Nas crianças, a consequência de uma situação clínica desta índole repercute-se negativamente com atrasos no crescimento e no desenvolvimento sexual.
Alguns doentes podem desenvolver fissuras no revestimento do ânus, o que pode causar dor e sangramento, especialmente durante as evacuações. A inflamação também pode causar o desenvolvimento de uma fístula (um túnel que une uma ansa do intestino a outra, ou que se “cola” ao intestino, à bexiga, vagina ou pele).
Além de apresentar sintomas no trato gastrointestinal, alguns doentes também apresentam doença de Crohn em outras partes do corpo como nos olhos, boca, articulações, pele, ossos, rins, fígado.
Diagnóstico e Tratamento da doença Crohn
O caminho para o diagnóstico começa com uma história médica familiar e pessoal completa, incluindo detalhes completos sobre os sintomas descritos acima. Diversos exames de sangue e estudos das fezes eliminam a possibilidade de as diarreias serem de causa bacteriana, viral ou parasitária. Mas a doença de Crohn não pode ser diagnosticada por meio de um exame de sangue.
O exame ultrassonográfico do abdómen (ecografia) é o procedimento mais simples. A distensão do intestino e o espessamento da parede intestinal, duas alterações muito indiciadoras de doença inflamatória, podem ser facilmente identificados com este método.
Mas sem margem para dúvidas é a visualização endoscópica do trato digestivo que nos permite diagnosticar (ou excluir) uma Doença Inflamatória do Intestino, quer na sua componente morfológica a enquadrar na Doença de Crohn ou de Colite ulcerosa. Possibilita avaliar se a inflamação está presente e a natureza e gravidade do processo inflamatório.
Como mencionado anteriormente, não há cura médica para a doença de Crohn. Mas existem tratamentos disponíveis que podem controlá-la.
O tratamento é baseado nos mesmos princípios da Colite Ulcerosa. No entanto, como a doença de Crohn tem um espectro mais amplo de sintomas e complicações, deve-se pensar cuidadosamente para decidir sobre o melhor tratamento em cada caso individual. Os ataques agudos geralmente são tratados com cortisona. Entretanto, também estão disponíveis preparações de budesonida para esta terapia que são eficazes de forma semelhante em comparação com as preparações convencionais de cortisona.
Os dois objetivos básicos do tratamento são alcançar a remissão (ausência de sintomas) e, uma vez conseguida, manter a remissão. Alguns dos medicamentos usados para esses dois objetivos podem ser os mesmos, mas são administrados em dosagens diferentes e por períodos de tempo diferentes.
A abordagem de tratamento deve ser adaptada ao indivíduo porque a doença de cada pessoa é diferente.