As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte em Portugal.
A doença coronária, uma doença cardiovascular, ocorre devido ao desenvolvimento de aterosclerose nas artérias coronárias.
As artérias coronárias são as artérias que irrigam o músculo cardíaco. O desenvolvimento de aterosclerose nas mesmas, consiste no desenvolvimento de placas de gordura e tecido fibroso no interior das referidas artérias, tornando-as progressivamente mais rígidas e estreitas. Consequentemente, torna-se cada vez mais difícil ocorrer a correta irrigação sanguínea do coração.
A doença coronária pode manifestar-se por dor no peito, braços ou queixo na sequência de esforço, stress emocional, refeição “pesada”, exposição a temperaturas muito altas ou muito baixas, traduzindo a angina de peito estável. Essa dor habitualmente desaparece após a ausência do fator desencadeante ou alguns minutos em repouso. Ocorre porque, devido à existência de placas, nas situações acima descritas, não é possível irrigar adequadamente o músculo cardíaco.
Quando uma destas placas devido a grande dimensão ou instabilidade rompe e se forma um trombo, pode surgir uma dor mais intensa com algumas caraterísticas diferentes e que traduzirá a chamada angina instável ou mesmo enfarte de miocárdio, no caso de haver oclusão total da artéria, com os graves riscos associados.
São múltiplos os fatores de risco para o desenvolvimento de doença coronária. A maioria são modificáveis, isto é, podemos alterá-los com a nossa intervenção, mas alguns não o são.
Os fatores de risco não modificáveis da doença coronária são:
Idade: O risco de doença coronária aumenta com a idade.
Sexo: Os homens têm maior risco de desenvolver doença coronária que as mulheres. Contudo, o risco da mulher aumenta significativamente após a menopausa quando esta perde o efeito protetor que as hormonas femininas desempenham.
História familiar de doença cardiovascular prematura: As pessoas cujos familiares diretos (avós, pais, irmãos) sofrem ou faleceram de enfarte cardíaco ou morte súbita, em idade relativamente jovem (considerando-se idade inferior a 55 anos no homem e inferior a 65 na mulher), têm maior risco de desenvolver doença coronária.
Os fatores de risco modificáveis da doença coronária são:
Dislipidemia (colesterol elevado): O colesterol LDL elevado (“mau colesterol”) e o HDL baixo (“bom colesterol”) contribuem de forma importante para o desenvolvimento de placas de aterosclerose.
Hipertensão arterial: A hipertensão arterial, isto é, a pressão arterial persistentemente elevada, provoca perda de elasticidade das artérias e consequentemente aumento da rigidez da parede das mesmas e risco de desenvolvimento de lesões.
Tabagismo: Contribui também para a perda de elasticidade da parede das artérias e consequente “endurecimento” das mesmas. Constitui um poderoso fator de risco.
Diabetes Mellitus: A diabetes é uma doença em que os níveis de açúcar no sangue estão elevados, atendendo a que o nosso organismo não consegue produzir insulina (hormona que regula os níveis de açúcar no sangue) em quantidade suficiente.
Os doentes diabéticos têm um risco muito aumentado de desenvolver doença coronária.
Excesso de peso e obesidade: constituem também fatores de risco para doença cardiovascular.
Stress emocional: O stress emocional aumenta o risco de doença cardiovascular.
Consumo excessivo de álcool: quando ingerido em quantidades superiores ao recomendado lesa os vasos e tecidos e contribui para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Sedentarismo: A inexistência de atividade física associa-se a maior risco de obesidade, HTA e outros fatores de risco cardiovascular.
Salienta-se que estes fatores, quando presentes interagem e potenciam-se entre si, aumentando de forma considerável o risco de doenças cardiovasculares. Uma vez que são na sua maioria fatores modificáveis, assume particular importância a aposta na sua prevenção e tratamento adequados e atempados.
