Skip to main content

Nódulo Pulmonar Solitário: o que é?

publicado em 27 Set. 2023

Um nódulo pulmonar solitário é uma alteração vista num exame de imagem, como uma radiografia (Rx) ou Tomografia (TC) tórax, com menos de 3 cm de diâmetro, rodeada de pulmão normal, na ausência de derrame pleural, gânglios mediastínicos ou zonas de pulmão colapsado, aquilo a que se chama uma atelectasia.

 

São visualizados em cerca de 9 a 200 em cada 10000 Rx ou TC tórax, sendo que, de acordo com alguns autores, 50% deles serão malignos e destes 80% serão cancro do pulmão.

O que pode levar a aparecer?

Existem muitas causas possíveis para nódulos deste tipo.

 

Entre elas contam-se patologias benignas, como infecções ou abcessos pulmonares, processos inflamatórios, alterações isquémicas do pulmão, hamartomas, alterações congénitas.

 

Como referi anteriormente, cerca de 50 % serão malignos, destes 80% será cancro do pulmão, com os restantes a serem na sua maioria metástases de outros tumores, geralmente do cólon, rim ou mama.

O que ter em conta na história clínica quando um nódulo é identificado?

Quando é visualizado um nódulo, temos de perceber se existe algum sintoma associado, como por exemplo tosse persistent, expectoração com sangue ou perda de peso. Neste caso a suspeita é elevada e uma investigação aprofundada deve ser realizada.

 

Devemos igualmente ter em conta a idade, considerando a raridade de cancro do pulmão em pessoas não fumadoras com menos de 40 anos.

 

Aqui tocamos um ponto fundamental. O tabaco aumenta o risco de cancro do pulmão em cerca de 3.5 vezes e este risco é proporcional ao número de maços da tabaco fumados por dia e ao número de anos em que se fumou.

 

De referir que o risco de desenvolver cancro do pulmão se pode manter elevado por até 30 anos.

 

De igual forma é importante saber se o doente tem algum cancro conhecido, como por exemplo: cólon, rim ou mama.

 

Adicionalmente, temos de perceber que houve alguma viagem recente que possa levar a infeções pulmonares atípicas.

 

Por último, mas não menos importante, exames anteriores devem ser vistos, para perceber se se trata de um nódulo que apareceu de novo, se já estava presente, ou se cresceu.

O que vemos de importante no exame de imagem?

Antes de mais, quando um nódulo é identificado num Rx tórax, deve ser realizada uma TC tórax.

 

Neste vemos as dimensões do nódulo, usando as recomendações da Sociedade Fleischner, temos em conta se tem menos de 6mm, entre 6 e 8mm ou mais de 8 mm. Estes valores vão ser importantes para o seguimento a fazer, algo que abordarei de seguida.

 

Consideramos também a forma: arredondada ou oblonga; e as margens: regulares ou espiculadas; e a presença de calcificações, geralmente um sinal de benignidade.

 

Algo importante de ver é se se trata de um nódulo sólido ou em vidro despolido. O que quer isto dizer? Um vidro despolido é uma opacidade focal, de limites mal definidos, que preserva as marcas normais do pulmão. Quando vemos uma suspeitamos de patologia inflamatória, ou de um cancro de pulmão de tipo, normalmente, menos agressivo.

O que fazer quando identificamos um nódulo pulmonar?

Uma ressalva antes de continuarmos.

 

Temos de distinguir três cenários:

  1. O doente realizou um exame de rotina e foi identificado o nódulo, sendo portanto incidental.
  2. O doente apresenta sintomas e no estudo desses mesmos o nódulo foi identificado.
  3. E por último o nódulo foi identificado em contexto de um rastreio.

 

Consideramos que no segundo e terceiro cenários a probabilidade de estarmos perante uma neoplasia é elevada, devendo o estudo ser realizado rapidamente.

 

Vamos centrar-nos no primeiro cenário: um nódulo incidental identificado num exame de rotina.

 

Temos agora de estimar a probabilidade de se tratar de um nódulo maligno.

 

Quando o doente é jovem, sendo o cancro do pulmão raro antes dos 35 anos e invulgar antes dos 40 anos. Para além disso, se se tratar de alguém não fumador, com um nódulo pequeno, de bordos regulares, não localizado nos lobos superiores do pulmão. Nestes casos dizemos que a probabilidade de ser maligno é baixa, consideramos como inferior a 5%.

 

No outro extremo, temos alguém mais velho, grande fumador, com história prévia de cancro, com um nódulo grande, espiculado localizado preferencialmente aos lobos superiores do pulmão. Neste caso o risco previsto de ser um nódulo maligno é alto, consideramos como sendo superior a 65%.

 

Entre ambos temos um grupo de risco intermédio. Neste o doente apresenta uma mistura de características do grupo de baixo e de alto risco.

 

Não esquecer, que estes critérios devem sempre ser interpretados por um médico e integrados num todo que é o doente.

O que fazer de seguida?

Vamos agora conjugar o que apresentámos antes.

 

Quando o doente apresenta um baixo risco de ter um nódulo maligno e este apresenta menos de 6 mm não é necessário manter uma vigilância. Perante um nódulo com entre 6 e 8 mm, deve ser realizada uma TC tórax dentro de 6 a 12 meses para comparação. Por último, quando o nódulo tem mais de 8 mm, deve ser feito um estudo mais aprofundado, com biópsia do nódulo e PET dentro de 3 meses.

 

Por sua vez, quando o doente tem um alto risco de ter um nódulo maligno e este tem menos de 6 mm, deve ser realizada um TC tórax de vigilância dentro de 12 meses.  Quando o nódulo tem entre 6 e 8 mm, a TC tórax deve ser realizada mais cedo, entre os 6 e os 12 meses, e uma nova entre os 18 e os 24 meses. Mais uma vez, quando o nódulo tem mais de 8 mm, deve ser feito um estudo mais aprofundado, com biópsia do nódulo e PET dentro de 3 meses.

Resumindo:

Um nódulo no pulmão é visualizado em cerca de 9 a 200 em cada 10000 Rx tórax ou TC tórax. Até 50% destes serão malignos e destes 80% serão cancro do pulmão.

 

Portanto quando um nódulo é visualizado o doente deve sempre recorrer ao seu médico assistente.

 

Com base nas caracteristicas do doente e do nódulo o médico pode interpretar e estabelecer o risco do nódulo ser maligno, e com base nisso vigiar num período apropriado ou pedir novos exames.

Conselhos

  • Perceba se se encontra num grupo de risco com indicação para fazer rastreio.
  • Se tiver sintomas como por exemplo tosse persistente, expectoração com sangue ou perda de peso, fale com seu médico assistente.
  • Se fizer um RX tórax ou uma TC tórax e for visualizado um nódulo no pulmão, recorra ao seu médico assistente para ele interpretar e estabelecer o risco do nódulo ser maligno e tratar devidamente.
  • O tratamento do cancro do pulmão depende muito da fase em que este é diagnosticado.
  • Quanto mais cedo e rapidamente for tratado melhor!