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Cancro do pulmão: diagnóstico e tratamento

publicado em 10 Out. 2023

O cancro do pulmão (CP) é o terceiro cancro mais frequente em Portugal, mas o que apresenta maior mortalidade em Portugal e no Mundo. Estima-se que em 2020 tenham ocorrido 5 415 novos diagnósticos de CP, em Portugal, resultando em 4 797 mortes nesse mesmo período.

 

Neste breve artigo vamos refletir sobre como prevenir, como detetar precocemente e qual o tratamento.

1. Quais os fatores de risco?

O tabaco é responsável por 80 a 90% dos casos de Cancro do Pulmão, mas existem ainda outros fatores de risco a considerar, como a exposição a rádon, poluentes, radiação, doenças pulmonares antigas como a tuberculose pulmonar, bem como a infeção pelo VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana).

 

A prevenção é fundamental e deve ser o primeiro passo, a começar por deixar de fumar, apesar de sabermos que mesmo os não fumadores podem desenvolver a doença. Nesse sentido, também os não fumadores devem estar atentos aos sinais de alarme.

2. O diagnóstico precoce pode modificar a evolução da doença?

Nestas circunstâncias, a taxa de sobrevivência aos 5 anos é oito vezes superior à da doença metastizada (dispersa pelo corpo).

3. Existe uma forma de rastreio?

Vários estudos demostraram que em populações de alto risco, nomeadamente fumadores e ex-fumadores, o rastreio com tomografia computorizada (TAC) torácica de baixa dose diminuiu a mortalidade por CP em cerca de 20%. Destacam-se dois, o NLST (National Lung Screening Trial) com 53 454 participantes e o estudo NELSON (Dutch-Belgian Randomized Lung Cancer Screening Trial) com 15 789.

4. Quais os sinais de alarme a que deve estar atento?

Numa fase inicial o tumor pode ser silencioso. A tosse recorrente é o sintoma mais frequente, mas também se pode manifestar pela presença de sangue na expetoração, dor torácica ao respirar, falta de ar, alterações da voz, infeções recorrentes, perda de peso inexplicado ou cansaço. É importante realçar, que estes sintomas também podem ocorrer com frequência em doenças não malignas, pelo que é sempre importante recorrer ao médico, sem entrar em pânico.

5. Que tipos de cancro do pulmão existem?

Existem dois grandes “grupos” de tumores: o cancro do pulmão de não pequenas células (que representa cerca de 85%) e no qual se incluem o adenocarcinoma e o carcinoma epidermoide; e o carcinoma de pequenas células (15%).

6. Quais os principais tratamentos?

O tratamento é decidido numa avaliação multidisciplinar que envolve médicos de várias especialidades. O tratamento é determinado pelo tipo de tumor, a localização e as características próprias do doente.

 

Na doença localizada, a cirurgia e a radioterapia são o tratamento de eleição com ou sem associação a terapêuticas sistémicas.

 

Na doença metastizada, o tratamento baseia-se em terapêuticas sistémicas e cuidados paliativos sintomáticos. Ainda assim, tratamentos locais, como a radioterapia ou a cirurgia podem ser necessários. Entre as terapêuticas sistémicas, além da quimioterapia dispomos de imunoterapia e terapêuticas dirigidas a “mutações”, como a do EGFR (epidermal growth factor receptor), entre outras.

7. Que perspetivas no futuro?

A ciência evolui e as opções terapêuticas são desenvolvidas através de ensaios clínicos. Em Junho, no congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology- ASCO), foram apresentados resultados promissores no tratamento do CP com um novo grupo terapêutico – anticorpo-fármaco conjugados. Também estão em estudo novos medicamentos dirigidos a alvos terapêuticos e mutações, além de novos tratamentos de imunoterapia e células CAR T.

 

A investigação não se esgota nas novas opções terapêuticas, destacando-se o estudo de biomarcadores, incluindo o DNA circulante tumoral. Neste contexto, também se inclui o recurso à inteligência artificial.

Fundamental é prevenir, não fumar e recorrer ao médico na presença de sinais ou sintomas de alarme. E não esquecer: quanto mais cedo for detetado, maior será a sobrevivência e melhor a qualidade de vida.