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Fobia: a exorbitância da experiência de medo

publicado em 26 Jan. 2024

As emoções são extremamente importantes para a vida humana. Quando abordámos as perturbações de ansiedade caracterizamos o medo e/ou ansiedade como processamentos emocionais desagradáveis e vivemos a sua manifestação com elevado desconforto físico e psicológico. Ainda assim, estas emoções podem ser protetoras e preparar-nos para as mais diversas situações de vida.

 

A experiência de medo ao ser percecionada como excessiva e intolerável leva-nos a criar associações desproporcionais entre o medo intenso e o perigo real de uma situação ou objeto. Por sua vez, tendemos a temer e a evitar quaisquer que sejam esses mesmos estímulos (situação ou objeto). De forma a resumir esta descrição recorremos ao termo de Fobia.

 

Na prática clínica, o número de estímulos temidos são bastante diversos. No manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais (2013) consideram-se seis classificações para os grupos de fobias, que podem ser compreendidas em:

  1. Situações (ex., aviões, elevador, outros espaços fechados)
  2. Animais (ex., cães, cobras, aranhas)
  3. Fenómenos/Espaços da Natureza (ex., alturas, trovoada)
  4. Doenças ou mal-estar físico (ex., vomitar, desmaiar)
  5. Agulhas ou exposição ao sangue (outros procedimentos médicos)
  6. Outros (ex., escadas, urinar ou defecar em casas de banho públicas, engasgar-se, atividade sexual, entre outros)

 

Ainda assim, mais do que a sua categorização, o essencial é compreender as estratégias de resolução e de enfrentamento que as pessoas tendem a adotar perante a Fobia. Vejamos os seguintes exemplos:

  • Uma pessoa com fobia de agulhas ou de procedimentos médicos diminui ou ausenta-se totalmente de consultas ou exames das várias especialidades. Este comportamento pode condicionar a avaliação e respetivo conhecimento sobre a sua condição de saúde e as consequências podem ocorrer a curto ou a longo prazo.
  • Uma pessoa que gosta de viajar, mas apresenta fobia de aviões tende a diminuir o número ou mesmo a evitar as viagens de avião. Desta forma, considera que o seu tempo de lazer é pouco adequado aos seus interesses.

 

À semelhança das outras psicopatologias, o diagnóstico de fobia surge quando à condição se associam limitações e implicações desfavoráveis ao quotidiano ou objetivos de vida da pessoa, por um longo período de tempo.

 

Como muito destes comportamentos ocorrem no seguimento de conteúdos de pensamentos e da experiência emocional tipicamente ansiosa, a terapia cognitivo-comportamental é considerada um dos tratamentos não farmacológicos de primeira linha.

 

Na consulta de psicologia pretende-se dotar as pessoas de conhecimento sobre a origem e a manutenção dos problemas. O trabalho desenvolve-se pelo treino e adoção de estratégias adaptativas para enfrentar o estímulo temido e inevitavelmente gerir a experiência exorbitante de medo.