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Correção cirúrgica de malformações em crianças

publicado em 20 Set. 2021

As malformações em idade pediátrica podem estar presentes ao nascimento ou manifestar-se em etapas mais avançadas da vida. Estas apresentam uma incidência mundial entre os 3% e os 6% e a sua deteção pré-natal é cada vez mais frequente, permitindo uma orientação e planificação precoce da sua correção. Descrevo algumas das malformações mais frequentes, orientadas e corrigidas por Cirurgia Pediátrica.

 

  • Fenda lábio-palatina – é uma malformação facial desfigurante, cuja intervenção cirúrgica é multidisciplinar. A Cirurgia Pediátrica realiza a correção da fenda labial pelos 3-4 meses e o encerramento do palato entre os 12 e 15 meses.
  • Atrésia do esófago – trata-se de uma interrupção do esófago, impossibilitando a alimentação. A cirurgia, realizada após o nascimento, pode ser por toracotomia (abertura lateral do tórax) ou toracoscopia (através de pequenos orifícios torácicos); consiste na união das duas porções afastadas do esófago e no encerramento da comunicação entre a traqueia e o esófago (presente na maioria dos casos).
  • Hérnia umbilical – pequena malformação do encerramento dos músculos da parede abdominal, que pode ter resolução espontânea até aos 5 anos de idade. A sua correção consiste no encerramento desse defeito e é realizada em regime de ambulatório.
  • Hérnia inguinal – nas crianças é maioritariamente associada à persistência de um canal entre o abdómen e o escroto/grandes lábios, por onde passa intestino, gordura ou ovário. A sua correção deve ser realizada após o diagnóstico e consiste no encerramento deste canal, por via aberta (através de uma abertura na região inguinal/virilha) ou por via laparoscópica (sem cicatriz), em regime de ambulatório.
  • Malformação anorretal – consiste numa abertura do reto fora do local habitual ou ausência de ânus, com o intestino a terminar numa comunicação com o trato urinário ou genital. A correção cirúrgica consiste numa reconstrução do reto e do ânus, podendo ser necessária previamente (no período neonatal) uma colostomia.
  • Hipospádias – trata-se de uma malformação do pénis, em que o orifício por onde sai a urina termina mais cedo do que devia (na face anterior do pénis ou no escroto). Pode associar-se a prepúcio aberto e a curvatura do pénis. Cirurgicamente, é efetuada (a partir dos 12 meses) uma reconstrução do pénis, podendo ser necessária mais do que uma intervenção.
  • Testículo não descido – nesta situação é realizado, a partir dos 9-12 meses, o encerramento do canal peritoneo-vaginal (comunicação entre o abdómen e o escroto) e a mobilização e fixação do testículo na bolsa escrotal, também em regime de ambulatório.

A Cirurgia Pediátrica tem um papel preponderante na correção de muitas das malformações estruturais ou anatómicas em crianças, atingindo em muitos casos taxas de sucesso superiores a 90%.