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Displasia de Desenvolvimento da Anca na Criança

publicado em 19 Ago. 2021

A causa da DDA é multifatorial, com componentes mecânicos relacionados com a gravidez e predisposição étnica/familiar. Ao nascimento, pode reconhecer-se uma anca de risco, consoante a presença de antecedentes familiares, primiparidade (1º filho), peso elevado ao nascimento, sexo feminino, gemelaridade, oligoamnios (pouco líquido amniótico), apresentação de pelve (bebé sentado) e anomalias posturais associadas (torcicolo congénito, anomalias dos pés). O posicionamento do bebé após o nascimento é também importante: em África, a incidência de DDA é baixa, pois há tendência a transportar o bebé com as ancas abertas no dorso da mãe.

 

O exame clínico do recém-nascido é a base do rastreio da DDA, que deve ser completo, sistematizado e seriado ao longo do primeiro ano de vida. A presença de um “ressalto” significa instabilidade da anca – a passagem da cabeça do fémur sobre o rebordo do acetábulo (“a anca sai da cavidade normal”). Este sinal pode ser pouco percetível ou estar ausente em alguns casos de DDA. Outros sinais são: limitação da abdução da anca (não abrir as coxas), diferenças de comprimento dos membros e claudicação (coxear) nas crianças que caminham. Os “cliques” frequentemente encontrados, assim como a assimetria das pregas das coxas, não têm valor clínico, podendo existir no membro normal.

 

A ecografia da anca pode ser utilizada para diagnóstico e monitorização do tratamento. É um método seguro, não invasivo, mas dependente de quem o faz. A radiografia está apenas indicada após os 3-4 meses de idade. Contudo, a ecografia é sempre o método de primeira escolha para o diagnóstico.

 

O tratamento deverá ser iniciado utilizando meios suaves de redução e evitando posições extremas. Nos primeiros 6 meses de vida, o aparelho de Pavlik é o mais utilizado a nível mundial, tratando-se de um método dinâmico e funcional, que permite a mobilização das ancas. Em crianças mais velhas ou em que o tratamento anterior não resultou, existem tratamentos mais complexos: tenotomias (corte de tendões), tração (pesos colocados nos membros), imobilização gessada ou redução cirúrgica da articulação.

 

Assim, não devemos esquecer que o exame físico é a pedra basilar do rastreio da DDA, que deve ser precoce e sistemático. Só um exame físico realizado nas melhores condições e por profissionais experientes permite um tratamento atempado e eficaz, que levará a uma anca normal na vida adulta.