A rinossinusite é uma das doenças mais frequentes na clínica geral e em otorrinolaringologia. A rinossinusite vírica envolvida em qualquer processo comum de “constipação” acaba por afetar praticamente qualquer pessoa.
A rinossinusite crónica afeta 5 a 15% da população urbana. Estima-se que 30-50% de todos os doentes vistos pela Medicina Geral e Familiar tenham algum tipo de rinossinusite.
A rinite é uma inflamação das fossas nasais com um ou mais dos seguintes sintomas: congestão, rinorreia, espirros e prurido nasal. Sendo a mucosa da fossa nasal contígua com a dos seios perinasais, é difícil que haja envolvimento de uma sem atingimento da outra. O termo rinossinusite reflete esta continuidade na mucosa. Aos sintomas de rinite associam-se também alteração do olfato, dor facial e cefaleia.
A rinossinusite é aguda quando resolve totalmente em menos de 12 semanas (a vírica dura normalmente entre 3-5 dias). Diz-se que é recorrente quando existem 1 a 4 episódios/ano. A rinossinusite crónica é a que persiste mais de 12 semanas apesar do tratamento médico. As agudizações surgem nos períodos de agravamento sintomático.
Os seios perinasais são cavidades da face em comunicação com as fossas nasais que só devem conter ar. Têm pequenos orifícios chamados osteos por onde é feito o arejamento e a drenagem das secreções nasais produzidas. Qualquer alteração ao funcionamento destes osteos implica patologia.
Tipicamente uma rinossinusite aguda desenvolve-se simultaneamente a uma infeção vírica das vias aéreas superiores. Esta infeção resulta em obstrução do osteo do seio, o que leva à estase do muco e colonização bacteriana. Uma rinossinusite aguda não tratada ou tratada de forma deficiente pode advir numa rinossinusite crónica.
Há fatores do doente predisponentes para rinossinusite crónica: doenças granulomatosas ou genéticas que alterem o muco nasal, anomalias anatómicas (desvio do septo…) e patologia alérgica (rinite e asma).
Uma rinossinusite crónica pode ter pólipos nasais. Quando estes existem, por norma, os sintomas são mais exuberantes.
O tratamento médico de eleição é dirigido à inflamação. O mais utilizado são os corticoides tópicos, normalmente em sprays nasais. As lavagens nasais são também importantes para permitir um melhor funcionamento dos sprays. Havendo sintomas de alergia, os anti-histamínicos orais ou em spray podem e devem ser também utilizados. Em casos graves os corticoides orais, por períodos de curta duração, podem ser importantes. Os antibióticos só devem ser utilizados em situações pontuais de rinossinusite aguda bacteriana ou em agudizações bacterianas de rinossinusite crónica.
Quando o tratamento médico não é suficientemente eficaz para dar uma boa qualidade de vida ao doente, opta-se pelo tratamento cirúrgico que visa sobretudo melhorar o arejamento e drenagem dos seios perinasais.
A cirurgia dos seios perinasais é um passo do tratamento e é fundamental a existência de tratamento médico adicional para se obter um bom resultado. Sabemos que desta forma é possível curar uma rinossinusite crónica, mas devemos ter a noção de que sobretudo em poliposes nasais a cura total é menos provável de ser atingida. No entanto, a melhoria da qualidade de vida destes doentes é assinalável após a cirurgia, mesmo nos casos em que o ressurgimento dos pólipos possa ocorrer.
Existe um tratamento cirúrgico inovador chamado sinusoplastia de balão que pode ser utilizado, com a vantagem dum processo pós-operatório mais simples devido a menor manipulação nasal. A cirurgia visa quase exclusivamente o melhor funcionamento dos osteos para melhorar o arejamento e a drenagem dos seios perinasais.