A lesão do ligamento cruzado anterior é uma das lesões ligamentares mais comuns do joelho. A elevada frequência deste tipo de lesões demonstra a importância da necessidade de um tratamento adequado.
Para além do incremento progressivo da incidência de lesão nos adultos, mais preocupante ainda, é a observação de um incremento maior em crianças com esqueleto ainda imaturo e no sexo feminino.
O aumento da prática desportiva de lazer e de competição, com crescentes padrões de treino e de exigência, diferenças anatómicas na forma do joelho e das próprias características do ligamento assim como fatores biomecânicos e neuromusculares, podem justificar este aumento de incidência nestes 2 últimos grupos.
A maioria das lesões ocorrem em situações sem contacto direto contra o joelho e associam-se frequentemente a lesões de outras estruturas (meniscos, outros ligamentos e cartilagem), sendo que as lesões isoladas são raras e a existência de lesões associadas pioram o prognóstico.
Apesar da evolução natural da lesão isolada da lesão do ligamento cruzado anterior decorrer no sentido da ausência de dor e da recuperação de mobilidade completa, o que permite o indivíduo realizar a maioria das atividades do quotidiano, a sensação de instabilidade, acompanhada ou não de dor ligeira, limita a participação em atividades desportivas mais exigentes, sobretudo quando requerem mecanismos de rotação, mudança de direção em velocidade ou salto. Assim um joelho com instabilidade por rotura do ligamento cruzado anterior está mais exposto ao risco de lesão posterior dos meniscos e da cartilagem, conduzindo a uma degradação da articulação e artrose precoce.
A gestão de todos os aspetos relacionados com o tratamento da lesão é ainda mais complicada na população pediátrica, devido à dificuldade das crianças em cumprirem as limitações de atividade exigidas na maioria dos protocolos quer de tratamento conservador quer cirúrgico.
A gravidade da lesão é por vezes impeditiva de uma progressão da carreira desportiva em atletas de competição e mesmo causa de abandono precoce da atividade desportiva.
Por todos estes motivos é fulcral a tomada de atitudes preventivas por todos os que estão ligados ao desporto, desde o atleta aos treinadores, dirigentes, médicos, reabilitadores e professores de educação física, entre outros.
Outra questão muito importante são as lesões parciais do lesão do ligamento cruzado anterior, muitas vezes negligenciadas ou não diagnosticadas.
Se nos doentes de baixo risco é possível adotar uma atitude conservadora de tratamento, nos doentes de alto risco a melhor opção poderá ser a reconstrução cirúrgica seletiva do feixe que se encontra roto do lesão do ligamento cruzado anterior.
O diagnóstico das lesões parciais deste ligamento permanece difícil e exigente. Resulta da combinação de um exame clínico preciso, da utilização de alguns dispositivos para medir objetivamente a translação da tíbia (Rolimeter® p.ex.) e dos exames de imagem (radiografia e ressonância magnética eventualmente sob stress articular), sendo que, apesar disso muitas vezes o diagnóstico definitivo só é feito na avaliação artroscópica.
Concluindo, o tratamento das lesões do lesão do ligamento cruzado anterior, parciais ou completas, deve ser realizado numa perspetiva individual, adaptado às características específicas de cada doente, às suas exigências funcionais e adaptada à experiência do cirurgião.
Para a obtenção de um bom resultado são importantes a técnica cirúrgica e o cumprimento de um programa de reabilitação pós-operatório adequado à técnica executada, pretendendo-se um retorno seguro ao desporto, minimizando a possibilidade de novas lesões do ligamento. Para esclarecimento de qualquer dúvida, não hesite em contactar os nossos Ortopedistas especializados em Joelho, em qualquer uma das unidades do Trofa Saúde Hospital.
