Os sinais e sintomas podem variar desde serem praticamente inexistentes a muito severos e o seu diagnóstico é na sua maioria clínico, mas é confirmado por exames, normalmente a radiografia de tórax ou a ecografia.
O que é e como ocorre?
O pneumotórax é a entrada de ar no espaço entre o pulmão e a parede torácica (o espaço pleural). Quando isto acontece o pulmão perde o contacto com o interior da parede torácica e “cai”. No momento em que isto se sucede o pulmão não consegue expandir como normalmente.
O pneumotórax pode ser pequeno e não necessitar de qualquer tratamento, ou pôr em risco a vida da pessoa quando de grandes dimensões, sendo nesse caso uma emergência.
Neste último caso a quantidade de ar é tal, e a pressão sobre o pulmão é tão intensa, que se torna muito difícil respirar, ou levar mesmo a que o sangue não consiga regressar ao coração.
Como se classificam o penumotórax?
Normalmente dividimos o pneumotórax consoante a presença ou não de um traumatismo e de acordo com a presença ou não de uma doença pulmonar que propicie ao seu aparecimento.
Consideramos assim o pneumotórax traumático, o pneumotórax primário, quando não existe qualquer doença que propicie, e o pneumotórax secundário, quando ela existe.
Como evoluem?
A maioria dos pneumotórax não complicados costumam resolver dentro de 10 dias.
Contudo, entre 30 e 45% dos doentes têm um novo pneumotórax nos 5 anos seguintes ao primeiro pneumotórax, com a maioria a acontecer nos primeiros 2 anos.
Quais os sinais e sintomas do pneumotórax?
Os sinais e sintomas podem variar desde serem praticamente inexistentes a muito severos.
Geralmente surgem em repouso, mas podem ser despoletados por atividade física que aumente a pressão no tórax, como pegar em grandes pesos.
Os mais frequentes são a dor no peito, usualmente severa, de início súbito, tipo facada, que agrava com a inspiração e possivelmente com irradiação para o ombro. Esta dor pode desaparecer nas primeiras 24h, mesmo que o pneumotórax persista.
Para além dela pode ocorrer falta de ar, um aumento da frequência respiratória e cardíaca.
Existem fatores de risco?
Podemos considerar 2 grupos diferentes de pessoas em risco:
- Jovens com 20 a 30 anos, na sua maioria, do sexo masculino, altos e fumadores, de tabaco ou canábis, são um grupo frequentemente afetado.
- O segundo grupo de risco é composto por pessoas com mais de 55 anos, com doenças do pulmão, como DPOC, enfisema pulmonar, fibrose cística, infeções pulmonares, sarcoidose ou fibrose pulmonar.
O que deve fazer?
Deve deslocar-se rapidamente a um serviço de urgência para ser observado por um Médico e fazer os exames apropriados.
Como diagnosticar?
O diagnóstico é na sua maioria clínico, mas é confirmado por exames.
Estes são a radiografia do tórax, o exame padrão e mais amplamente difundido. Tradicionalmente feito em inspiração profunda e em expiração profunda para melhor identificar o pneumotórax.
A ecografia torácica surgiu na última década como uma técnica sensível na avaliação do pulmão, assumindo um papel importante na avaliação do pneumotórax, especialmente no trauma.
Por último, a TAC tórax. Esta é o mais sensível dos exames para a deteção do pneumotórax. De referir que nem sempre é necessário, uma vez que na maioria dos casos a radiografia e a ecografia torácica permitem ver bem o pneumotórax, poupando assim a maior radiação associada à TAC.
Quando e como tratar o pneumotórax?
Cada vez mais se tenta tratar de forma o mais conservadora possível, dependendo isso das dimensões ou do volume do pneumotórax, e dos sintomas que o doente apresenta.
Quer isto dizer, se o doente tiver uma idade inferior a 50 anos, sem doenças pulmonares conhecidas, não fumador, com um pneumotórax de pequenas dimensões e sem sintomas, é possível vigiar, repetindo a radiografia de tórax algumas horas depois e se estiver semelhante, pode ter alta, devendo ser observado algumas semanas depois em regime de consulta.
Contudo, se o pneumotórax for de moderada dimensão ou se o doente apresentar sintomas, o ar deve ser drenado com uma agulha sob anestesia local.
Se, pelo contrário, o doente tiver mais de 50 anos, ou doenças pulmonares, ou se for um grande fumador, então estamos perante um doente com um risco mais elevado.
Nestes casos, se o pneumotórax for de pequenas dimensões, ou se o doente não apresentar sintomas, deve ser internado para vigilância até que haja resolução do pneumotórax.
Tal como anteriormente, quando se o pneumotórax for de moderada dimensão ou se o doente apresentar sintomas, o ar deve ser drenado com uma agulha sob anestesia local.
Se apenas da drenagem com agulha não se der a resolução do pneumotórax, então é necessário colocar um dreno torácico.
Este procedimento é de baixo risco e é realizado sob anestesia local, contudo necessita de internamento hospitalar.
Quando se deve operar?
Se apesar de tudo o que foi referido anteriormente, em alguns casos é necessário operar para conseguir que o pulmão recupere a sua função.
Por exemplo, quando, apesar da colocação do dreno torácico, ao fim de entre 5 e 7 dias, o pulmão não cicatrizou e continua a existir pneumotórax. Ou, quando se trata de um segundo pneumotórax do mesmo lado, ou o primeiro pneumotórax do outro lado.
Quando, apenas de ser o primeiro pneumotórax, o doente apresenta uma profissão de risco, como mergulhador ou piloto, ou se trata de uma doente grávida.
O que se faz durante a cirurgia do pneumotórax ?
Nos últimos anos a cirurgia vídeo-assistida uniportal ganhou preponderância pelos excelentes resultados técnicos e estéticos.
Mas voltando um pouco atrás.
A cirurgia do pneumotórax guia-se por três princípios:
- Reparar qualquer zona de pulmão com lesão, onde é visível o ar a sair do pulmão para a pleura.
- Retirar qualquer zona com alterações, como bolhas, enfisema, que possam levar a novos pneumotórax.
- Criar uma reação inflamatória na pleura, de forma que o pulmão “cole” à pleura, impedindo assim a formação de novos pneumotórax.
Classicamente isto fazia-se por recurso a uma incisão com 7 a 10 cm lateral ou axilar. Era necessário afastar as costelas de forma a expor o pulmão e só aí se podia fazer a cirurgia seguindo os princípios que referi antes.
Com a evolução técnica surgiu a cirurgia vídeo-assistida minimamente invasiva.
Uma grande diferença é que nesta não se afastam as costelas, a fonte de maior dor no pós-operatório. Outra é que deixámos de fazer uma incisão de 7 a 10 cm, para fazer pequenas incisões com 2 a 3 cm.
Inicialmente 3 ou 4 pequenas incisões, passámos para 2 e agora conseguimos fazer toda a cirurgia por uma única incisão, a cirurgia uniportal.
Normalmente o tempo de internamento é curto, sendo possível dar alta 24 a 48h após o procedimento. A recuperação é igualmente rápida, podendo o doente voltar à vida normal rapidamente, sendo desejável não fazer grandes esforços por uma a duas semanas.
Concluindo
O pneumotórax é a entrada de ar no espaço entre o pulmão e a parede torácica (o espaço pleural).
Os sinais e sintomas podem variar desde serem praticamente inexistentes a muito severos.
Os mais frequentes são a dor no peito, usualmente severa, de início súbito, tipo facada, que agrava com a inspiração e possivelmente com irradiação para o ombro, a falta de ar, um aumento da frequência respiratória e cardíaca.
Se apresentar estes deve deslocar-se rapidamente a um serviço de urgência para ser observado por um Médico e fazer os exames apropriados.
O diagnóstico é na sua maioria clínico, mas é confirmado por exames, normalmente a radiografia de tórax ou a ecografia.
Cada vez mais se tenta tratar de forma o mais conservadora possível, dependendo isso das dimensões ou do volume do pneumotórax, e dos sintomas que o doente apresenta.
Nos casos mais simples, o tratamento pode passar por vigiar ou drenar através de uma agulha.
Quando isto é insuficiente pode ser necessário colocar um dreno torácico.
Por último, quando o dreno torácico não resolve o pneumotórax, ou quando se trata de uma situação específica de maior risco, pode ser necessário operar.
Atualmente, realizamos cirurgia vídeo-assistida minimamente invasiva uniportal, com resultados ótimos e uma recuperação rápida.