Classicamente associamos a acne à adolescência, mas a “acne do adulto” tem vindo a aumentar, em particular no sexo feminino. Define-se pela presença após os 25 anos, podendo persistir desde a adolescência ou ter um início tardio.
Estão descritas duas formas clínicas, a acne retencional, onde predominam comedões, abertos e fechados (“pontos brancos” e “pontos negros”), e a acne inflamatória, que atinge principalmente o terço inferior do rosto e se apresenta com pápulas (“borbulhas”), pústulas (“espinhas”) e quistos, que podem deixar cicatrizes.
O que causa a acne do adulto?
À semelhança da acne vulgar, a acne do adulto surge como resultado da obstrução e inflamação dos folículos pilosos, que ocorre devido ao excesso de produção de sebo e proliferação de microrganismos. Para o seu desenvolvimento contribuem fatores genéticos, hormonais e ambientais.
As hormonas masculinas (androgénios) aumentam a produção de sebo, pelo que alterações hormonais relacionadas com o ciclo menstrual, gravidez ou menopausa podem agravar a acne. Fatores como o stress, privação de sono, poluição, tabaco, cosméticos ou medicamentos também podem estar implicados.
Relação com a dieta
É comum os doentes relacionarem os surtos de acne com a ingestão de certos alimentos, mas, na maioria dos casos, essa associação não foi comprovada. Contudo, uma dieta rica em gordura, açúcar e leite parece associar-se a maior risco de acne no adulto.
Relação com o uso da máscara
O termo “Maskne” foi introduzido durante a pandemia e refere-se à acne associada ao uso de máscara. A fricção, o aumento da humidade e da temperatura alteram a barreira e flora cutâneas, favorecendo o crescimento de microrganismos responsáveis pela acne. Os principais fatores de risco são o tempo de uso e o tipo de máscara, sendo as máscaras mais oclusivas, como as FFP2/KN95 as que mais se associam ao aparecimento de acne.
Impacto psicológico
A acne pode afetar a autoestima e causar ansiedade, depressão e isolamento social. No entanto, o impacto psicológico não é necessariamente proporcional à gravidade da doença, devendo ser considerado mesmo nas formas ligeiras.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito com base no exame físico, mas perante a suspeita de um distúrbio hormonal deve ser feito estudo analítico adequado. Por outro lado, existem doenças que podem ser confundidas com acne, sendo essencial a avaliação por um dermatologista. O plano terapêutico deve ser individualizado, de acordo com o tipo e gravidade da acne, presença de outras doenças e preferências do doente. As opções disponíveis incluem tratamentos tópicos, orais e intervenções como peelings químicos, dermabrasão, laser ou luz pulsada. Na acne do adulto as recaídas são frequentes, podendo necessitar de tratamento de manutenção.