A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma doença do neurodesenvolvimento. Os primeiros sinais começam a manifestar-se desde o nascimento, sendo mais evidentes a partir dos 24 meses, idade a partir da qual é mais frequentemente diagnosticada.
É uma perturbação com apresentações clínicas muito variáveis, sendo cada criança única. A grande característica comum a todas é a dificuldade em comunicar e interagir socialmente com outras pessoas. Esta pode variar entre ausência total de interação e dificuldades na interpretação da subjetividade da comunicação verbal e não-verbal com o outro, levando a características como não entender o humor, ser inconveniente ou desajeitado a fazer “conversa de sala”.
Outras características frequentes nas pessoas com PEA são:
- Interesse exagerado num determinado tema (por vezes, pouco convencional);
- Movimentos, discurso ou uso de objetos repetitivos (como estereotipias com as mãos, ecolalia, alinhar brinquedos…);
- Adesão inflexível a regras e rotinas com dificuldade em não as seguir;
- Alterações do processamento sensorial
- (que cursam com hipersensibilidade ou hipossensibilidade) a estímulos ambientais auditivos, visuais, táteis, olfativos e/ou propriocetivos.
Os Psiquiatras da Infância e da Adolescência estão treinados para analisar cada caso e fazer o diagnóstico. Após o diagnóstico feito, sabe-se que o tratamento especializado iniciado cedo na vida pode ter um impacto positivo no desenvolvimento da criança e levar a uma redução global dos comportamentos disruptivos. A terapia da fala, a terapia ocupacional (com eventual integração sensorial) e a psicologia podem ter um papel importante nessa intervenção.
Educar um filho com perturbação do espetro do autismo
Não tendo cura, a PEA é uma condição que irá fazer parte do indivíduo ao longo de todo o seu percurso de vida. Assim, os pais de crianças do espetro do autismo terão que aprender a lidar com várias preocupações ao longo da sua vida: gerir o seu comportamento, conhecer as suas idiossincrasias, incluí-la na escola adequada, garantir os melhores cuidados possíveis em termos de terapias, entre outras.
O Psiquiatra da Infância e da Adolescência pode ajudar as famílias a planear e implementar um plano terapêutico apropriado. Pode também ajudar as famílias a gerir o stress que pode estar associado a ter um filho com autismo.
Algumas crianças podem também beneficiar de tratamento sintomático com medicação – o seu Psiquiatra da Infância e da Adolescência avaliará a pertinência, mais uma vez, caso a caso. A PEA aparece também frequentemente associada a outras patologias como a PHDA, a perturbação obsessivo-compulsiva, perturbações de ansiedade, entre outras, que podem necessitar de medicação.