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Cancro da mama e opções do tratamento cirúrgico

publicado em 01 Fev. 2021

O tratamento cirúrgico do cancro da mama evoluiu, desde a década de 80, da mastectomia radical, para a cirurgia conservadora de Fisher, na década de 90; na década de 2000 para reconstrução da mama e, finalmente, nos dias de hoje, para a cirurgia oncoplástica.

 

A Cirurgia oncoplástica define um vasto leque de técnicas de cirurgia da mama, que vão desde a cirurgia conservadora da mama com ressecção do tumor, seguida de preenchimento do defeito para completa reconstrução da mama, até às mastectomias conservadoras de pele e do complexo areolo mamilar com reconstrução imediata ou diferida, de forma a obter-se um bom resultado estético final.

 

A decisão para se realizar a cirurgia conservadora ou mastectomia, é baseada nas características biológicas do tumor, risco de recorrência local, no tamanho do tumor, volume e ptose da mama e nas preferências da mulher.

 

Na cirurgia conservadora podemos utilizar técnicas de round-block, mamoplastias laterais e mamoplastias de redução bilateral, baseadas no pedículo superior, medial, lateral e inferior de acordo com a localização do tumor, tamanho, volume da mama e grau de ptose. O preenchimento do defeito resultante da ressecção do tumor pode ser obtido por técnicas de deslocamento do tecido glandular da própria mama ou de substituição do tecido em falta por retalhos de tecidos adjacentes. O objetivo final é obter uma ressecção oncologicamente segura – margens livres de doença – e conciliá-lo com um ótimo resultado estético.

 

As mastectomias que hoje em dia realizamos são conservadoras em que apenas se faz a exérese do tecido glandular, incluindo o tumor, conservando-se a pele e o complexo areolo mamilar, quando não envolvidas pela neoplasia. A reconstrução da mama pode ser feita de forma imediata, no mesmo tempo da mastectomia, ou diferida em 2º tempo, após a doente ter terminado os tratamentos adjuvantes de Quimioterapia e Radioterapia. A reconstrução da mama pode ser realizada com implantes mamários ou com tecidos autólogos – músculo grande dorsal ou reto abdominal, ou até com preenchimento com gordura da própria doente – lipofiling. Se o complexo areolo mamilar estiver envolvido pela neoplasia, realiza-se a sua excisão e reconstrói-se com pele da própria.

 

As técnicas de cirurgia oncoplástica são hoje consideradas o gold standard no tratamento cirúrgico do cancro da mama, porque permitem obter ressecções mais extensas e, portanto, oncologicamente mais seguras, e com resultados estéticos muito mais satisfatórios para as doentes.

 

A nível Europeu desenvolveu-se o conceito de Cirurgião Vertical da Mama, que pretende formar cirurgiões com diferenciação na cirurgia da mama, cuja finalidade é o tratamento cirúrgico, oncologicamente seguro, do cancro da mama, com os melhores resultados estéticos. Estas técnicas são o cerne da cirurgia oncoplástica, para as quais estamos habilitados.