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Cancro da próstata: avanços no diagnóstico precoce

publicado em 17 Mar. 2019

O cancro da próstata é o segundo cancro mais frequente no homem, com mais de um milhão de novos diagnósticos por ano e constituindo 15% do número total de cancros diagnosticados por ano. Tratando-se de uma doença que não apresenta sintomas, senão em fases avançadas e existindo hoje em dia vários tratamentos eficazes, o seu diagnóstico precoce reveste-se de particular importância e é um motivo de grande preocupação para os profissionais de saúde e para os doentes.

 

A incidência de cancro da próstata aumenta com a idade, sendo que 59% dos homens com mais de 79 anos apresentam cancro da próstata a nível histológico. A presença de história familiar desta doença aumenta o risco de desenvolvimento da doença em idades mais jovens.

 

A base do diagnóstico precoce do cancro da próstata consiste presentemente no toque retal e no doseamento dos níveis de antigénio específico da próstata (PSA) no sangue. No entanto, o toque retal constitui um exame de baixa sensibilidade que deteta apenas lesões significativas na zona periférica da próstata.

 

O doseamento do PSA total, por seu lado, veio revolucionar o diagnóstico do cancro da próstata. Sendo um marcador específico da próstata, mas não específico do cancro, o seu aumento pode dever-se a outras patologias deste órgão. No entanto, níveis crescentes de PSA aumentam a probabilidade de cancro da próstata, motivo pelo qual se reveste de particular importância a interpretação do seu valor por um urologista. O seu uso disseminado em populações como rastreio veio aumentar exponencialmente o número de tumores diagnosticados clinicamente localizados, mas muitos casos podem não corresponder a doença clinicamente significativa, que exija um tratamento agressivo ou imediato.

 

Um nível persistentemente elevado de PSA ou a presença de um toque retal suspeito determina a necessidade de realização de uma biópsia prostática num doente assintomático.

 

Atualmente, estão disponíveis marcadores adicionais de risco no sangue (PSA livre, p2PSA, hK2) e na urina (PCA3, HOXC6/DLX1) que auxiliam, no doente com PSA total elevado, a determinar com maior acuidade o risco de cancro da próstata e a necessidade de realização de uma biópsia prostática.

 

A biópsia prostática transretal, guiada por ecografia, constitui o exame essencial no diagnóstico do cancro da próstata. É realizada na maioria dos casos sob anestesia local (dependendo da opção do doente), o que minimiza o desconforto e apresenta uma taxa de complicações relativamente baixa.

 

O desenvolvimento e aplicação da Ressonância Magnética Nuclear Multiparamétrica (mpRMN) representa o mais recente e importante avanço no diagnóstico do cancro da próstata, devido à sua grande sensibilidade para a deteção não invasiva de nódulos/lesões suspeitas prostáticas potencialmente agressivos(as), sendo cada vez mais utilizada no auxílio à decisão prévia de realização de uma biópsia prostática. Com o apoio das imagens da mpRMN, é já possível hoje em dia, a realização de biópsias dirigidas a áreas suspeitas, através do apoio de um moderno software que conjuga as imagens da ecografia com a mpRMN (fusão), constituindo, deste modo, um instrumento fundamental e de última linha na abordagem do doente com suspeita de cancro da próstata. A sua utilização é recomendada formalmente pelos guidelines internacionais nos doentes com biópsia prostática prévia negativa e PSA persistentemente elevado, podendo no entanto ser realizada opcionalmente em qualquer doente com suspeita de cancro da próstata.