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Comer ovos de galinha todos os dias: sim ou não?

publicado em 20 Ago. 2022

Ao longo dos anos, os ovos têm sido alvo de críticas e controvérsias pela provável responsabilidade no aumento do colesterol sérico. É um tema clássico que ainda suscita muitas dúvidas independentemente dos avanços da investigação científica.

 

A dislipidemia caracteriza-se por um conjunto de anomalias de lípidos no sangue, podendo-se discriminar vários tipos: hipercolesterolémia (valores de colesterol total e/ou LDL – colesterol “mau” – elevados), hipertrigliceridemia (valores de triglicerídeos elevados), dislipidemia mista (combinação de colesterol total e/ou colesterol “mau” elevados com triglicerídeos elevados) e hipolipidemia (valores de colesterol HDL – colesterol “bom” – baixos).

 

A dislipidemia é um dos principais fatores de risco clínico no desenvolvimento de doença cardiovascular, uma vez que está diretamente relacionada com a aterosclerose. Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia, a aterosclerose é uma doença que afeta maioritariamente as artérias de médio calibre, tendo como consequência, por exemplo, a ocorrência de tromboses. Como tal, é muito importante a adoção de um estilo de vida saudável, sendo que as recomendações nutricionais na terapêutica das dislipidemias deverão ter como objetivo auxiliar na normalização dos valores de lípidos sanguíneos.

Atualmente, sabe-se que as gorduras saturadas e trans têm uma maior influência nos níveis de colesterol sérico, quando comparadas com a ingestão de colesterol alimentar. Os ovos apresentam um valor calórico baixo e são uma excelente fonte de proteínas de alto valor biológico.

A gema e a clara são diferentes na sua constituição, mas complementam-se tornando os ovos num alimento nutricionalmente muito rico. A European Society of Cardiology afirma que a ingestão de colesterol deve ser abaixo de 300mg/dia e, segundo a tabela de composição de alimentos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, uma porção unitária de ovo de 55 g contém cerca de 224mg de colesterol. Ou seja, com apenas 1 ovo médio quase que se atinge a quantidade diária recomendada de colesterol.

 

Embora os ovos sejam muito ricos em colesterol alimentar, não parecem estar associados ao aumento dos níveis séricos de colesterol, tanto em indivíduos saudáveis como em doentes. Portanto, a resposta à pergunta inicial é SIM. De acordo com os estudos recentes, a ingestão de um ovo por dia não está relacionada com aumento do risco cardiovascular ou mortalidade.

 

Concluindo, a alimentação deverá ser sempre completa, equilibrada e variada, e a moderação e o bom senso são sempre boas ferramentas para as escolhas que fazemos na alimentação.