Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 3 milhões de pessoas morreram como resultado do uso nocivo de álcool em 2016. Portugal é um dos países com mais consumo de álcool “per capita”. Tem-se verificado um consumo crescente de álcool entre jovens e mulheres.
As pessoas que usam álcool em excesso podem ter vários problemas como por exemplo: alterações das relações familiares e de amizade, agressões, relações sexuais desprotegidas, problemas legais estradais, entre outros.
Por outro lado, algumas pessoas desenvolvem um Síndrome de Dependência do Álcool (SDA) que é caracterizada por um conjunto de manifestações fisiológicas, comportamentais e cognitivas nos quais o uso do álcool adquire uma prioridade máxima para o indivíduo. As características centrais deste síndrome são o desejo elevado ou compulsão de consumir álcool e a perda de controlo sobre este consumo.
Os principais fatores de risco são: história familiar, ambiente sociocultural, idade, transtornos mentais e eventos de vida considerados traumáticos.
O álcool é uma substância depressora com consequências no Sistema Nervoso Central, alterando a perceção e a capacidade de decisão. Reduz as inibições, podendo levar a comportamentos desadequados. O humor fica instável afetando as emoções. A fala mostra-se arrastada e a coordenação motora deficitária. A intoxicação alcoólica, nos casos mais graves, pode induzir o coma ou resultar em morte.
Os sintomas do SDA passam pela forte necessidade de consumir bebidas alcoólicas, incapacidade para controlar o consumo, apresentar tolerância ao álcool, passando este a ocupar um lugar primordial na sua vida, e manifestação de sintomas de abstinência quando interrompe o consumo. O álcool aumenta também o risco de complicações médicas e é responsável pelo aumento dos níveis de criminalidade, violência doméstica e sinistralidade rodoviária.
Habitualmente as pessoas não assumem que consomem bebidas alcoólicas em excesso, sendo a negação dos consumos um fator de resistência ao tratamento e ao seu sucesso.
É fundamental um diagnóstico precoce. Esta passa por uma boa entrevista e por um conjunto de exames para avaliar o grau da dependência. O tratamento é complexo e deve ser adaptado de forma individual por uma equipa multidisciplinar. Pode ocorrer em ambulatório ou em internamento. Em ambos os casos a terapia farmacológica e a psicoterapia são fundamentais. O terapeuta assume um papel primordial no sucesso e na adesão ao tratamento. A psicoterapia pode ser individual e/ou em grupo. O tipo e a duração do tratamento variam em função do grau de dependência.
No Trofa Saúde Hospital Central dispomos do Hospital de Neurociências com uma equipa multidisciplinar que permite a abordagem integral à pessoa com problemas com álcool. Desde o internamento para desintoxicação aos tratamentos prolongados para desabituação. Temos disponíveis terapias individuais e de grupo e usamos estratégias farmacológicas de vanguarda.