A Depressão é uma doença que se caracteriza por uma alteração do estado de humor com potencial mudança do padrão habitual de sentimentos, pensamentos e comportamento. Estas alterações podem manifestar-se através de uma sensação de tristeza, vazio, desesperança e menos-valia ou mesmo por períodos de maior irritabilidade, frustração, cansaço e falta de energia. Dada a complexidade de sintomas e causas associadas, a Depressão pode ser classificada de acordo com os seus fatores espoletantes, duração e/ou critérios de gravidade.
A Depressão como entidade clínica (doença) surge quando os sentimentos de tristeza começam a provocar disfuncionalidade com impacto pessoal, social e/ou laboral. Esta alteração do estado anímico pode conduzir a alterações em várias áreas da vida do doente, desde alterações do ciclo de sono-vigília até modificações do apetite e da líbido.
Focando-nos especificamente no padrão alimentar, os episódios depressivos tanto podem cursar com períodos de aumento como de diminuição do apetite, sendo que o motivo para esta heterogeneidade ainda não se encontra totalmente esclarecido. A literatura científica existente descreve uma possível relação entre alterações metabólicas específicas com subtipos distintos de Depressão. Por outro lado, a diminuição de energia, cansaço e a falta de prazer em fazer algumas atividades podem levar tanto a uma diminuição do aporte alimentar (menos vontade em cozinhar, alimentar-se) como a uma diminuição na atividade física (com consequente aumento de peso). No entanto, embora estas alterações comportamentais e metabólicas contribuam para uma melhor compreensão da doença e do seu efeito na variação de peso e apetite, ainda não têm um impacto substantivo no tratamento atual da Depressão.
O tratamento da Depressão deve ser focado na abordagem psicoterapêutica especializada e baseado nas características e queixas específicas de cada doente. O tratamento individualizado é importante, uma vez que as alterações previamente referidas podem surgir de forma antagónica em diferentes doentes, não existindo uma solução igual para todos os doentes.
As terapêuticas psicofarmacológicas atuais podem ser dirigidas aos efeitos desejados tanto no apetite como na variação de peso, existindo tratamentos que os potenciam ou que os diminuem.
Embora não exista nenhuma dieta que “cure” a Depressão, um estilo de vida equilibrado com alimentação saudável e prática de exercício físico podem (e devem) complementar o tratamento da Depressão.
