Skip to main content

Desabituação do consumo tabágico

publicado em 28 Jul. 2023

O momento de avaliação é fulcral para o desenvolvimento de uma intervenção individualizada e eficaz que conduza a uma efetiva desabituação do consumo tabágico. Sendo o primeiro passo para o processo de mudança, constitui-se como um momento privilegiado de contacto empático, motivador e compreensivo. Apenas desenvolvendo uma visão plena da pessoa e da sua situação é possível desenvolver, colaborativamente, um caminho efetivamente transformador. Nesse sentido, é necessário desenvolver uma avaliação interessada, abrangente e integrativa.

 

Primeiramente, compreender em que fase da mudança se encontra a pessoa, permite guiar o contacto de modo a que este facilite assim a passagem para o estádio seguinte, ou a persistência num estádio já alcançado. Neste sentido, podemos referimo-nos às seguintes fases:

  • Pré-contemplação – existe pouco ou nenhum interesse em mudar
  • Contemplação – avaliação do custo-benefício da cessação; planeamento da mudança nos próximos 6 meses; razões como o medo de não ser capaz ou dificuldades de autocontrolo são desafios a superar para a passagem à fase seguinte
  • Preparação – planeamento de mudança a cerca de 1 mês
  • Ação – são dados passos reais para implementar medidas que conduzam à desabituação; permanência de 6 meses sem fumar
  • Manutenção – o novo comportamento torna-se normativo; o comportamento mantém-se durante 5 anos
  • Recaída – dita o regresso a uma das fases anteriormente referidas.

 

Apesar da compreensão da fase de mudança na qual a pessoa se encontra ser relevante, perceber as reais intenções para a mudança é igualmente importante, sabendo que estas são influenciadas pela avaliação positiva/negativa do comportamento a desenvolver (atitudes face ao comportamento), a influência sentida para cessar o consumo tabágico (normas subjetivas) e a avaliação da dificuldade em efetivamente implementar o comportamento (controlo comportamental percebido).

 

Além de avaliar a motivação, avaliar o grau de dependência é outro dos tópicos relevantes. Desta forma poderão antever-se necessidades como por exemplo, a referenciação a outro profissional de saúde para que este realize a sua análise e implemente tratamento farmacológico caso exista essa necessidade.

 

Aferir padrões individuais de consumo, os fatores que o mantêm, a forma como são percebidos os benefícios da desabituação e os riscos da manutenção do comportamento, o modo como é realizada a antevisão de resistências (barreiras e desafios), a rede de suporte social e familiar, e compreender as estratégias de enfrentamento já utilizadas ou passíveis de serem adotadas são outros tópicos essenciais para desenhar uma intervenção eficaz e facilitadora do processo de mudança.