A alimentação do bebé não só impacta o seu estado nutricional atual, como tem também um forte impacto na saúde futura. É, por isso, uma preocupação crescente, desde o primeiro dia de vida, prover uma alimentação o mais adequada possível ao bebé, sabendo que devemos ser mais preventivos e, desde cedo, implementar hábitos adequados na mulher grávida.
Os primeiros anos de vida são marcados pelo crescimento acentuado, sendo que a maior velocidade se verifica no primeiro ano de vida e particularmente nos primeiros seis meses. Os “primeiros 1000 dias”, ou seja, o tempo entre o momento da conceção e o final dos dois anos de idade, é um período de extrema vulnerabilidade às influências ambientais e nutricionais, pelo que cabe a cada um de nós, cuidadores, proporcionar um ambiente saudável e afetuoso e uma oferta alimentar adequada, tanto para nutrir adequadamente, como também para criar hábitos alimentares saudáveis que se estendam desde a infância até à idade adulta.
É absolutamente consensual que durante os primeiros 6 meses de vida, o leite materno e/ou fórmula infantil deverá ser o único alimento do lactente e deverá manter-se até aos 12-24 meses, a par da diversificação alimentar. Esta diversificação alimentar, que deverá ocorrer entre os 4 meses e 1 semana e os 6 meses e 1 semana, é um mundo para o qual pais e cuidadores devem estar preparados e munidos de informação. Esta é uma fase marcada pelo desenvolvimento físico e cognitivo do bebé, que adquire competências como sentar-se sozinho, aprender a pegar no alimento e levar à boca ou mastigar. É uma janela de oportunidade para o treino de paladar e texturas.
A área da nutrição pediátrica e, particularmente, a diversificação alimentar, tem vindo a sofrer atualizações nas suas recomendações. Sabe-se, hoje, que os alimentos a serem oferecidos ao bebé são aqueles que integram a famosa “Roda dos Alimentos”, não existindo, atualmente, uma regra relativa à sequência desta oferta. Por outro lado, os alimentos a evitar são os processados, doces e salgados, sumos e chás.
Relativamente ao sal, este não deve ser adicionado às refeições no primeiro ano de vida e, até aos dois anos de idade, não devem ser oferecidos alimentos com açúcar adicionado. Isto remete-nos para uma apresentação dos alimentos o mais simplificada possível, atendendo aos seus sabores naturais.
Sabe-se ainda que lactentes com historial familiar de atopia (alergia) não devem estar limitados na sua oferta alimentar, nem devem atrasar o contacto com determinado alimento (naturalmente, se houver alguma reação adversa, esta deve ser imediatamente remetida para o apoio médico).
Relativamente às texturas a oferecer, o tradicional creme de legumes ou papa de fruta (especialmente a caseira), continua a ser perfeitamente adequado para iniciar a diversificação alimentar, devendo existir uma progressão para texturas cada vez menos homogéneas e mais granulosas, à medida que o bebé vai evoluindo nas suas competências de alimentação.
Paralelamente à oferta desta textura cremosa, pode ser considerado o método “Bliss”, caracterizada pela alimentação autónoma do bebé com as mãos e está preconizada a oferta de alimentos ricos em ferro, bem como a exclusão de alimentos considerados de risco para engasgamento/ asfixia.
Para uma abordagem mais completa, segura, personalizada e sobretudo fundamentada na ciência atual, pode ser importante recorrer à consulta de Nutrição Pediátrica.