Desde o início da pandemia por COVID-19, em março de 2020, surgiram várias questões no que se refere aos doentes com cancro que motivam a nossa atenção e reflexão.
Os doentes com cancro são mais vulneráveis à infeção por COVID-19?
Sim. Vários estudos avaliaram a gravidade da infeção COVID-19 e verificaram que há maior mortalidade nos doentes com cancro (12 a 32%).
O risco é igual para todos os doentes?
Entre os doentes com cancro, os doentes com cancro do pulmão e tumores hematológicos apresentam maior mortalidade.
O tabagismo aumenta o risco de complicações?
Sim. Mas existem outros fatores ligados ao aumento da mortalidade dos doentes oncológicos com COVID-19, como a idade mais avançada, a presença de outras doenças de base, a disseminação da doença ou o estado geral mais debilitado.
A vacina de COVID-19 deve ser administrada a doentes oncológicos?
Sim. As entidades nacionais estão em sintonia com a AACR (American Association for Cancer Research – AACR) Covid-19 Cancer Task Force, a ESMO (European Society for Medical Oncology) ou o NCCN (National Comprehensive Cancer Network) que recomendam a vacinação dos doentes oncológicos.
Em que circunstâncias não deve ser administrada?
Os motivos para a não realização da vacina nos doentes oncológicos integram três grupos principais:
- contraindicações iguais às da população geral;
- antes de algumas grandes cirurgias;
- alguns tratamentos de quimioterapia intensiva em doentes com tumores hematológicos, transplante de células hematopoiéticas ou terapia celular como CAR-T cells recente.
A vacina da COVID-19 pode ter mais efeitos secundários em doentes oncológicos?
Um estudo americano apresentado em junho deste ano no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO2021), que envolveu 1335 doentes com cancro vacinados para a COVID-19 revelou efeitos secundários similares aos descritos nos ensaios clínicos, mas menos frequentes na primeira administração. No mesmo congresso, um estudo com 6388 doentes oncológicos vacinados relatou efeitos secundários não graves em 2,4%. Destes 6388 doentes, 616 realizaram o teste de COVID-19 por diversos motivos e o diagnóstico de COVID-19 ocorreu em menos de 1%.
Qual o impacto da pandemia COVID-19 nos doentes oncológicos?
O impacto da pandemia refletiu-se na diminuição de exames de rastreio de cancro, novos diagnósticos e algumas modificações no tratamento. Também se registaram alterações ao nível da realização dos ensaios clínicos, essenciais para o acesso a novas opções terapêuticas.
Em conclusão, os doentes com cancro são um grupo particularmente vulnerável, em que as medidas de redução de risco e a vacinação contra a COVID-19 assumem um papel essencial.
Fundamental é que sempre que suspeite ou identifique sinais ou sintomas de cancro recorra ao seu médico.