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Dor lombar e dor ciática: principais causas de incapacidade

publicado em 28 Dez. 2023

A dor lombar ou lombalgia consiste na sensação de dor na região da coluna lombar entre a última costela e os glúteos. É a principal causa de incapacidade em países desenvolvidos afetando até 80% dos doentes pelo menos uma vez ao longo da vida.

 

A intensidade é maioritariamente ligeira ou moderada, mas pode ser intensa e incapacitante nas atividades de vida diária e no emprego. O início pode ser lento ou súbito e ter um caráter intermitente ou constante. A sua duração classifica-se em:

– Aguda (inferior a 6 semanas)

– Subaguda (entre 6 a 12 semanas)

– Crónica (superior a 12 semanas)

 

Alguns fatores podem agravar a dor, tais como:

– Flexão do tronco

– Esforços físicos

– Levantamento de pesos

– Posição sentada

– Estar de pé

– Caminhar

 

Este tipo de dor é mais frequente no género feminino e em doentes com:

– Idade superior a 50 anos

– Osteoporose

– Fibromialgia

– Depressão ou ansiedade

– Excesso de peso ou obesidade

– Magreza ou reduzida massa muscular

– Posturas inadequadas

– Atividades profissionais com esforços físicos intensos

– Prática de desportos de contacto e atividade física exigente

 

Maioritariamente a dor lombar deve-se a síndrome miofascial ou é inespecífica ou mecânica – limitação dos ossos, articulações, ligamentos e músculos que constituem a coluna lombar em suportar a carga e o peso que é exercido diariamente, sem qualquer alteração estrutural clinicamente importante.  Outras causas incluem doenças congénitas, abdominais, vasculares, reumáticas e psicológicas.

A dor lombar pode estar associada a dor irradiada para os membros inferiores, habitualmente unilateral, familiarmente conhecida como dor ciática ou ciatalgia, que ocorre principalmente devido a hérnia discal lombar – extrusão posterior do disco entre as vértebras. A raíz nervosa lombar fica comprimida e inflamada, causando sensação de dor ao longo do seu trajeto no membro inferior. Outras alterações degenerativas podem ser causa de estreitamento do canal lombar e compressão de estruturas nervosas (colapso do disco entre as vértebras, esporões ósseos, hipertrofia do ligamento amarelo e das articulações entre as vértebras, deslizamento das vértebras lombares).

A correlação da história clínica, exame físico e exames de imagem, como a tomografia computorizada e a ressonância magnética, é fundamental para o diagnóstico. O papel do Neurocirurgião é identificar a causa da dor e orientar o doente para o tratamento mais adequado – conservador ou cirúrgico.

O tratamento conservador provoca alivio satisfatório ou total da dor na maioria dos casos. Existem várias opções terapêuticas que podem ser coordenadas com o Médico de Medicina Física e Reabilitação:

– Uso adequado de cintas de contenção lombar

– Medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, anti-depressivos…)

– Fisioterapia

– Técnicas percutâneas para controlar a dor

– Natação

– Hidroginástica

– Pilates

 

A resposta insatisfatória ou nula a tratamento conservador por um período superior a 3 meses poderá necessitar de avaliação médica. Na presença de sinais e sintomas de alarme, como perda de peso ou febre, ou outras doenças, como infeções ou neoplasias, a avaliação médica deverá ser mais urgente.

Quando existem sinais ou sintomas de alarme ou não há melhoria satisfatória com tratamento conservador, o tratamento cirúrgico por endoscopia ou microscopia deve ser considerado. O objetivo poderá ser apenas a descompressão das estruturas nervosas ou associar a colocação de material para promover a fusão e estabilização das vértebras lombares.

A maioria dos fatores que contribuem para as alterações degenerativas da coluna lombar são modificáveis e podem ser prevenidos, à exceção do envelhecimento, tais como:

– Realização de posturas adequadas

– Flexão dos joelhos para levantar pesos

– Redução do levante de pesos

– Realização de atividades que fortaleçam a musculatura lombar

– Otimização do peso e humor