A obesidade é atualmente um problema de saúde pública, com expressão crescente, sendo importante a sua prevenção através da promoção de hábitos alimentares saudáveis e da prática de exercício físico regular. Em Portugal, mais de metade da população adulta apresenta excesso de peso.
Trata-se de uma doença crónica, que se desenvolve pela conjugação de vários fatores, que requer esforços continuados ao longo da vida para ser controlada. Constitui uma ameaça para a saúde e é um importante fator de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças especialmente diabetes, hipertensão arterial, colesterol elevado, fígado gordo, enfartes, acidentes vasculares cerebrais e até mesmo diversos tipos de cancro.
Para avaliarmos a presença de excesso de peso ou obesidade, usamos o índice de massa corporal (IMC), que é um parâmetro que se obtém pela divisão entre o peso e a estatura ao quadrado (em metros). Sempre que um doente tem um IMC≥25 kg/m2 tem excesso de peso.
Para os doentes com excesso de peso ou obesidade, uma perda ponderal de 5 a 10% representa uma melhoria das complicações deste problema: reduz o risco de desenvolver diabetes tipo 2 e a mortalidade cardiovascular, melhora os níveis de lípidos no sangue, a pressão arterial, a apneia do sono e a qualidade de vida. Para isso é necessário iniciar um plano que tem por base a alteração do estilo de vida: alimentação saudável, adequada a cada doente e tendo em conta as suas preferências, e a prática de exercício físico regular. Este exercício físico deve ser estruturado e assente nas atividades que dão prazer ao doente.
O processo de redução do peso é desafiante e muitas vezes necessita da ajuda de medicamentos. Estes são escolhidos após a avaliação do perfil endócrino e metabólico. Devem ser considerados para doentes com IMC acima de 30 kg/m2 ou entre 27 e 30 kg/m2, se já existirem complicações associadas ao excesso de peso. Estes medicamentos podem atuar de várias formas: podem reduzir o apetite e induzir a perda de peso por essa via, atuando no sistema nervoso central ou podem atuar na periferia, reduzindo a absorção de gordura ao nível do intestino. Estes fármacos estão amplamente estudados e são seguros, constituindo um pilar a ter em conta no controlo desta doença crónica.
Ao longo do tratamento, o doente vai sendo acompanhado a vários níveis. Na consulta de Nutrição são avaliados o seu estado nutricional, a sua composição corporal e é implementado um plano alimentar individualizado, com base nas suas rotinas, gostos e preferências. Na consulta de Endocrinologia são avaliadas e controladas as doenças associadas e é gerida a medicação, que pode variar ao longo do tempo.
A obesidade requer um esforço conjunto e continuado, para que o doente seja capaz de perder peso de forma segura e com menor probabilidade de voltar a ganhar o que perdeu no futuro.