As feridas na cavidade oral podem variar de aspeto e tamanho e podem afetar qualquer parte da cavidade oral, incluindo os lábios e a garganta.
Os sinais e sintomas mais descritos são: “feridas, bolhas, manchas ou vermelhidão com ou sem sangramento, edema e principalmente dor. Descrevem uma sensação de queimadura ou formigueiro em redor da área afetada e também a boca mais seca e “sensação de cortiça”. A depender do tamanho, da gravidade e da localização, dificultam as tarefas diárias como alimentação e a fala.
Causas para feridas na boca
As causas mais comuns de feridas na boca são:
1. A afta, cientificamente chamada de estomatite aftosa, caracteriza-se pelo surgimento de uma ou várias úlceras arredondadas, podendo surgir em qualquer local da boca, como lábio, língua, bochecha, palato ou garganta, causando muita dor e dificuldade na mastigação e na fala
2. Irritações físicas por traumas por mordidas acidentais, trauma por fraturas de dentes, hábitos tabágicos (mascar e/ou fumar), próteses mal ajustadas, aparelhos ortodônticos ou ser consequência de uma escovagem traumática. Podem também surgir irritações químicas por contato da mucosa com alimentos muito ácidos ou quentes, ou contato com fármacos como ácido acetilsalicílico, antibióticos, anticonvulsivantes, Barbitúricos, medicamentos quimioterápicos, Ouro, ácido tricloroacético ou alguns produtos de Higiene oral.
3. Infeções virais, especialmente herpes simples e herpes zoster que leva ao aparecimento de pequenas feridas e bolhas na boca, principalmente nos lábios e palato, que são dolorosas e podem estar acompanhadas de vermelhidão, comichão e ardência, podendo desaparecer em cerca de 10 a 14 dias. (outros exemplos de infeções virais: vírus Coxsackie (Pé, mão, boca muito comum em crianças na idade pré escolar), citomegalovírus, vírus Epstein-Barr ou HIV, gripe e sarampo).
4. Infeções fúngicas por Cândida (mais comuns).
5. Infeções bacterianas como: Gengivites (sendo a mais agressiva a gengivite ulcerativa necrosante aguda), periodontite (infeção do tecido ósseo), implantite (infeção dos implantes), Gonorreia e Sífilis (doenças sexualmente transmissíveis).
6. Doenças sistémicas como: Doença de Behçet, Penfigoide bolhoso ou pênfigo vulgar, Doença celíaca, Neutropenia cíclica, Eritema multiforme, Doença inflamatória intestinal, Deficiência de ferro, Doença de Kawasaki, Leucemia, Discrasias sanguíneas, síndrome de Stevens-Johnson, Trombocitopenia trombótica, Deficiência de vitamina B, C (escorbuto), B12 e E.
7. Outros como Síndrome da boca ardente, Líquen plano, língua geográfica, xerostomia, radioterapia da cabeça e do pescoço e cancro oral (6º cancro mais comum em todo o mundo).
Assim, quando uma ferida dura mais que 2 semanas ou é acompanhada por outros sintomas, como dor de cabeça, febre baixa, dor na garganta, dificuldade em mastigar é importante que seja identificada a causa de forma a ser iniciado o tratamento mais adequado. Pode ser necessário a realização de uma biópsia de forma avaliar as alterações morfológicas dos tecidos garantindo o diagnóstico e correspondente plano de tratamento. Este tratamento pode envolver o uso de medicamentos como anti-inflamatórios, antibióticos, corticoides, imunossupressores ou antivíricos, dependendo da sua causa.
O médico dentista está na linha da frente para a deteção precoce destas lesões mas a vigilância é crucial para a sua deteção precoce. É importante que realize o autoexame em casa, realizando a palpação e a visualização da sua boca em frente ao espelho. Habitue-se a observar a sua anatomia normal e esteja atento a alterações e sinais de alerta como: Aftas ou úlceras que duram mais que 2 semanas, lesões brancas e/ou vermelhas, nódulos ou massas endurecidas, dificuldade na mastigação, limitação dos movimentos da língua, perdas de sensibilidade e alteração do gosto dos alimentos.
A consulta de medicina dentária, na qual se inclui o rastreio do cancro oral, deverá ser realizada a cada 6 meses e sempre que detetar alguma lesão suspeita.