Tudo começa antes da gravidez: os planos, as expectativas, os medos e os desejos. A gravidez é um exercício de confiança para os pais, em que estão 3 trimestres a confiar na natureza, na evolução, na ciência e na sua relação com o futuro bebé.
O recém-nascido, no dia que nasce, torna-se uma pessoa, já “independente” da sua mãe, após o corte do cordão umbilical, mas completamente dependente dos seus pais ou dos seus cuidadores. A natureza é fascinante… capaz de produzir num ser humano, a placenta – o único órgão que se desenvolve com uma missão de vida e, que depois, é retirado, por ter já terminado a sua função, após o parto. Na fase da gravidez e do pós-parto, a mãe confronta-se com alterações hormonais importantes, com um novo papel da sua vida o de ser mãe.
A mãe desenvolve o alimento do seu bebé, primeiro, com o colostro e, de seguida, o leite. Nesta fase, a mãe percebe que o que vem de dentro de si é o melhor alimento para o seu bebé, mas, nem sempre isto acontece… há sempre uma questão que vale a pena versar na amamentação: a dualidade que envolve a mãe! Não há leites maus, “fracos”, insuficientes… há vários fatores intrínsecos e extrínsecos… e que podem ser determinantes para que a entidade mãe possa continuar este gesto. Há muitos “treinadores de bancada”, que opinam com histórias próprias e que influenciam negativamente a decisão de amamentar. A alimentação de um bebé é algo da relação bebé-mãe e, por isso, é íntima.
Para ser saudável esse gesto, tem de se completar a tríade: a mãe ter leite (que nem sempre acontece), a mãe desejar (que nem sempre acontece… por fatores tão simples quanto provocar dor… expor-se…) e o bebé o desejar (há bebés que logo de início prejudicam a pega, não estimulam a mama, não engordar nem crescem ponderalmente o desejável…). Quando este ciclo se quebra, é poder deliberado da mãe: não amamentar. O dever de uma mãe é alimentar o seu bebé e quando corre bem ser sinónimo de amamentar, ótimo! Quando não: libertar o sentimento de culpa para se entregar ao papel mais nobre: ser mãe!
Nesta relação criam-se vínculos e, na alimentação do bebé, seja pelo seio, seja pelo biberão, o vínculo está a desenvolver-se, através do aconchego, cheiro, palavras e por todo o trato.
Ele, o recém-nascido, torna-se sensível à voz humana e os seus cinco sentidos vão-se apurando, de forma mais precoce a audição, o tato e o paladar. Os sentidos do bebé estão permanentemente a serem estimulados. O momento de alimentação do bebé é o momento de eleição de estimulação e desenvolvimento sensorial, pois nesse aconchego o bebé sente o cheiro de quem o alimenta, ouve a voz de quem o segura, sente a temperatura do corpo de quem o agarra e descobre o seu primeiro prazer, o da sucção. Não é por acaso que a descoberta do mundo do bebé se inicia pela oralidade entre os 0 e os 2 anos de idade. Afinal, o alimento que cada bebé necessita é um leite com afeto, aconchego e sentido e estes três ingredientes numa relação de vinculação nunca são demais.