Numa relação amorosa, duas pessoas com histórias singulares e características próprias unem-se com o objetivo de construírem um espaço em conjunto, o “Nós” da relação. Nesse espaço depositam o que as une, delimitam o que as diferencia e constroem o necessário para fortalecer a relação e permitir que esta se adapte gradualmente aos desafios que lhe são colocados.
Todas as relações são confrontadas com exigências que vêm afetar a estabilidade do “Nós” e desafiar a flexibilidade do casal para se reestruturar e se adaptar às novas circunstâncias. A formação da conjugalidade é por si só um desafio, pela necessidade do casal construir a sua identidade própria e aprender a respeitar e a conviver com as diferenças individuais e da herança familiar do outro.
Os casais que transitam da conjugalidade para a parentalidade encontram também nesta fase importantes desafios para a relação. O aparecimento de um terceiro elemento, o/a filho/a, vem ocupar um espaço na relação conjugal que exige um acordo informal sobre o que lhe é ou não transmitido e a definições de novas funções e papéis, que transformam a dinâmica conjugal e desafiam as relações com a família de origem. O crescimento e a progressiva autonomização dos filhos são também um desafio à capacidade do casal e de cada um dos seus membros de se ajustarem às mudanças ocorridas nos mais jovens e nas funções familiares. A saída de casa dos filhos deixa vazios os espaços e as funções que foram longamente preenchidas por eles, suscitando uma vivência conhecida por “ninho vazio”. Em geral, esta etapa coincide com mudanças biológicas, sociais e relativas ao envelhecimento, que exigem ao casal o preenchimento e a transformação do “Nós”.
A par das exigências intrínsecas à evolução da relação outras vivências particulares, como alterações à situação económica, conflitos da família alargada, motivações individuais, entre muitas outras, podem desafiar a relação. Se, por vezes, essas exigências revelam-se simples e fáceis de integrar, outras vezes vêm abalar a dinâmica da relação, provocar desencontros e afetar o bem-estar dos seus elementos. A forma como cada casal lida com as exigências e os desafios com que é confrontado é singular, dependendo não só da situação vivenciada, como também da história e das características da personalidade dos seus elementos e da dinâmica pré-existente de relação.
É frequente os casais recorrerem à Terapia de Casal em situações de crise, no entanto a integração do casal em psicoterapia também é possível numa perspetiva de análise e como medida de prevenção.
A Terapia de Casal numa perspetiva psicodinâmica é um processo de autoconhecimento que possibilita aos integrantes da relação conhecerem-se melhor a si próprios e ao outro, nas suas individualidades e na conjugalidade, para que se tornem capazes de construir a identidade do casal e promover a saúde emocional dos seus elementos. Neste processo de autoconhecimento, a Terapia de Casal pretende ajudar o casal em crise a identificar os aspetos que interferem negativamente na relação, a clarificar os seus papéis e a reestabelecer uma comunicação saudável, para um novo encontro no “Nós”.