Os triglicerídeos são partículas de gordura que circulam no nosso organismo. São uma importante fonte de energia que pode ser produzida pelo fígado ou ser obtida através da dieta (comidas ricas em gorduras).
Consideramos o valor normal de triglicerídeos inferior a 150mg/dl. Quando este valor está aumentado, dizemos que há hipertrigliceridemia. Os seus níveis devem ser determinados após 10 a 12 horas de jejum.
Habitualmente, a hipertrigliceridemia resulta da combinação de vários fatores. Se for de origem primária, pode ocorrer devido a fatores genéticos, por aumento da sua produção ou por diminuição na sua eliminação. No caso de ser secundária, pode estar associada a outras doenças (obesidade, diabetes mellitus tipo 2, hipotiroidismo, doença renal crónica, etc), ao uso de alguns medicamentos (corticóides, agentes imunossupressores, estrogénios orais, etc) ou a causas dietéticas (excesso de comidas ricas em gorduras e/ou consumo excessivo de álcool).
Qual é a importância de controlar os triglicerídeos?
O aumento dos níveis de triglicéridos no sangue pode relacionar-se com o aumento do risco de algumas doenças, como a pancreatite aguda, e pode estar associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares. Quando os seus valores estão aumentados, devemos procurar outros fatores de risco cardiovascular, uma vez que a hipertrigliceridemia isolada é rara. Habitualmente, está associada a outros fatores de risco, nomeadamente colesterol elevado, diabetes mellitus, obesidade e hipertensão arterial. Alguns sinais associados a hipertrigliceridemia são o surgimento de xantomas (lesões cutâneas, em forma de pequenos nódulos com depósitos de gordura, que podem surgir por todo o corpo – braços, pernas, cotovelos, etc) e xantelasmas (pequenos depósitos de gordura que surgem na superfície da pele nas pálpebras, na forma de placas amareladas).
O mais importante no tratamento da hipertrigliceridemia são as alterações no estilo de vida. Ficam aqui as principais recomendações:
- Realizar uma alimentação saudável.
- Praticar exercício físico regularmente.
- Manter um peso corporal saudável, com um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 18,6 e 24,9 Kg/m2.
- Deixar de fumar.
- Diminuir o consumo de álcool.
- Monitorizar e controlar os fatores de risco cardiovascular, nomeadamente hipertensão arterial, colesterol e diabetes mellitus.
- Reduzir a ingestão de açucares, gorduras e de álcool. Em alguns casos graves, o controlo deve ser mais rigoroso, e recomenda-se a abstinência de álcool.
- Em doentes com elevado risco cardiovascular ou complicações como pancreatite aguda, pode ser necessária terapêutica farmacológica com uso de estatinas ou fibratos.
O doente deve consultar o seu médico para avaliar a presença de fatores de risco cardiovascular, e propor o tratamento mais adequado, de forma a minimizar as suas complicações.