Constituindo um dos principais problemas de saúde pública atuais à escala mundial, a obesidade é não somente uma doença crónica, como é também um fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças crónicas.
A Organização Mundial Saúde define obesidade como uma situação em que existe “excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízo à saúde”, sendo que uma pessoa é considerada obesa quando o seu Índice de Massa Corporal (IMC) (relação entre o peso e o quadrado da altura) é maior ou igual a 30 kg/m2 (sendo que a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2 e a pré-obesidade é definida por um IMC entre 25 e 29.9 Kg/m2).
Em Portugal temos vindo a assistir a um aumento exponencial da prevalência da obesidade nas últimas décadas, sendo um problema que atinge ambos os géneros e todas as faixas etárias. De facto, mais de metade da população adulta portuguesa tem excesso de peso (portanto, é pré-obesa ou obesa), sendo esta percentagem mais notória acima dos 65 anos de idade, rondando os 80%, já nas crianças e adolescentes portugueses a prevalência do excesso de peso é superior a 25%.
Vários estudos documentam de forma consistente a associação entre o excesso de peso e o risco acrescido para o aparecimento e agravamento de múltiplas patologias, com destaque para as doenças cardiovasculares, que constituem a principal causa de morte em Portugal. Falamos, assim, de um risco acrescido para diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia (colesterol elevado) e doença coronária, mas também para outras doenças como hiperuricemia e gota, apneia do sono, doenças da vesícula biliar, osteoartrose, alterações hormonais reprodutivas e da fertilidade, síndrome do ovário poliquístico e vários tipos de cancro (como o cancro da mama, endométrio e cólon).
O impacto da obesidade na saúde não advém somente do percentual de massa gorda, mas está também relacionado com a forma como a mesma se distribui no nosso corpo, sendo mais acentuado quando existe obesidade central, ou seja, obesidade de tronco, que é um indicador da nossa gordura visceral; em comparação à gordura subcutânea, a gordura visceral é metabolicamente mais ativa e tem uma comunicação facilitada com o fígado, sendo a principal responsável pelo desenvolvimento de outras doenças associadas à obesidade. Vários estudos demonstraram que em pessoas pré-obesas e mesmo em pessoas com IMC dentro de valores considerados normais, o risco de doença é tanto maior quanto maior for o seu perímetro abdominal. Por este motivo, torna-se importante conhecer como a gordura se distribui no corpo de cada um, o que se torna possível através de métodos de avaliação direta da massa gorda como a bioimpedância.
O tratamento da obesidade passa pela mudança dos estilos de vida, nomeadamente do padrão alimentar e de atividade física, podendo existir, em casos selecionados, o recurso a fármacos ou à cirurgia da obesidade. A meta é atingir uma perda de peso relevante e sustentado e uma melhoria na composição corporal. Reduções na ordem dos 5-10% do peso inicial, podem ter impacto na redução da incidência, controlo clínico e, em alguns casos, mesmo a cura das doenças provocadas pela obesidade.