É importante facultar toda a informação possível a todas as mulheres que decidam adiar a gravidez sobre as implicações maternas e fetais, bem como sobre a diminuição da fertilidade a partir dos 35 anos – discussão de prós e contras desta opção.
A consulta preconceção (“consulta para preparar a gravidez”) é essencial de forma a permitir a deteção e o controlo de doenças crónicas. Nesta consulta pretende-se sobretudo:
- A estabilização de eventual doença crónica e, se necessário, substituir medicamentos para minimizar o risco para o feto
- Realizar o aconselhamento pré-gestacional para entender melhor os riscos associados à idade e à eventual história familiar de doenças genéticas
- Incentivar a adoção de hábitos de vida saudáveis, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios adequados e abolição de hábitos nocivos (álcool, tabaco e outros aditivos): identificação e correção de Fatores de Risco
- Medicar a grávida com suplementos pré-natais
- Requisitar análises específicas e adequado aconselhamento de acordo com resultados obtidos
Como vigiar a gravidez e minimizar os riscos
Tratando-se de uma gravidez de risco acrescido, a vigilância deveria ser realizada por Obstetras experientes e com competências em medicina materno-fetal. Tratam-se de consultas mais frequentes dada a necessidade do diagnóstico mais precoce de eventuais complicações. Em todas as gravidezes e, particularmente nesta faixa etária, é essencial reforçar a necessidade da manutenção de estilos de vida saudáveis.
Devem ser realizados todos os exames já protocolados numa gravidez de baixo risco, acrescidos de exames e testes específicos; as ecografias obstétricas também devem ser mais regulares (sobretudo nas últimas semanas de gravidez) e por ecografistas com competência reconhecida pela Ordem dos Médicos em ecografia obstétrica diferenciada.
Em síntese, resume-se os principais aspetos na vigilância destas situações em:
- Seguimento por Obstetras experientes
- Aconselhamento pré-gestacional: informação sobre os riscos e proposta de medidas preventivas. Controlo de doenças crónicas e ajuste de medicações
- Ecografia precoce 8-9 semanas (excluir gravidez ectópica ou abortamento)
- Análises para despiste de patologias específicas (por exemplo: diabetes, patologia da tiróide…)
- Rastreio de anomalias cromossómicas
- Ecografias obstétricas às: 12 semanas (1ºTrimestre); 20/22 semanas (Morfológica); 30 semanas (3ºTrimestre); 35/36 semanas (Perfil Biofísico)
- Finalização programada da gravidez pelas 39 semanas
Conclusões
A idade materna nas grávidas tem aumentado progressivamente nos últimos anos, sendo uma realidade da qual não nos podemos alhear, sendo necessário uma vigilância obstétrica mais especializada.
A idade materna avançada é definida como sendo aquela em que o parto ocorre com 35 anos ou mais de idade, mas recentemente, a maioria dos protocolos nesta área utilizaram os 40 anos como limite inferior para a definição de idade materna avançada; sendo que o envelhecimento ocorre de forma contínua, não é possível estabelecer limites tão definidos. Deve sempre ser realçado que, com o avançar da idade materna, existe um declínio da fertilidade com todo o impacto psicológico e social subjacente. Contudo, também existem vantagens; estes casais são emocionalmente mais maduros, conseguem gerir melhor as dúvidas e os desafios da maternidade, habitualmente com uma maior estabilidade financeira que lhes permite proporcionar uma melhor qualidade de vida familiar.
Adiar a maternidade para além dos 35 ou 40 anos é um desafio, uma vez que essa decisão implica um risco crescente de complicações maternas e perinatais (isto é, complicações relacionadas com os fetos e recém-nascidos), que aumentam de forma contínua e proporcional à idade.
Existe um risco aumentado de doenças hipertensivas, diabetes gestacional e placenta prévia, como principais complicações maternas. Também foram observados piores resultados perinatais em grávidas nessa faixa etária, tais como abortos espontâneos, morte fetal, baixo peso ao nascer, prematuridade e mortalidade perinatal. Dados estes factos, as guidelines internacionais recomendam a finalização programada destas gravidezes às 39 semanas.
Apesar de todo o risco acrescido de complicações maternas e fetais / neonatais, a maioria destas gravidezes decorre sem complicações de relevo e a maior parte dos desfechos destes bebés é normal.
O aconselhamento pregestacional, o controlo de doenças crónicas e a adoção de estilos de vida saudáveis antes da gravidez devem ser prioritários de forma a serem corretamente informadas sobre riscos e proposta de medidas preventivas para otimização da futura mãe e filho.
Será desejável que a vigilância desta gravidez de maior risco deva ser realizada por Obstetras experientes e com competências reconhecidas em medicina materno-fetal e ecografia obstétrica diferenciada de forma à vigilância mais adequada e segura da gravidez.
Para o pleno aproveitamento do “Estado de Graça” que a gravidez proporciona, é muito importante a cumplicidade do casal com o seu médico de forma a sentirem-se seguros, tomarem decisões corretamente fundamentadas e terem todo o acompanhamento emocional de que necessitam.
O acompanhamento emocional e o coaching estabelecido pela equipe médica com o casal é a essência de uma gravidez vivida em toda a sua segurança e plenitude.