As alterações do equilíbrio são um problema cada vez mais prevalente e valorizado pela população.
Os termos médicos associados às alterações de equilíbrio são frequentemente usados incorretamente. As sensações de “vertigem”, “tontura” ou “desequilíbrio” não são equivalentes – correspondem a diagnósticos e tratamentos distintos. Vejamos:
- A vertigem caracteriza-se por uma ilusão de rotação da própria pessoa ou do meio envolvente;
- As tonturas podem ser descritas como uma sensação de oscilação ou que se está a flutuar;
- Os desequilíbrios estão associados a uma sensação de instabilidade durante a marcha.
Estes sintomas são dos que mais motivam a ida ao médico, pela grande interferência na qualidade de vida, surgindo por vezes associados a outros sintomas como alterações da audição, cefaleias (as comuns “dores de cabeça”), náuseas e vómitos, visão dupla e síncope (ou “desmaio”). Estas queixas podem ser precipitadas ou agravadas pela marcha, levantar da cama ou do sofá ou pela mobilização da cabeça. A duração dos episódios pode variar de segundos a dias e estes podem recorrer ao longo da vida.
O médico otorrinolaringologista tem um papel fundamental no seu diagnóstico e tratamento. A colheita da história clínica detalhada, com ênfase nas queixas do doente, permite identificar a causa da vertigem em 75% dos casos. O exame objetivo feito na consulta de otorrino também é fundamental.
Em muitas situações, os sintomas de vertigem podem ser tratados pelo próprio otorrino durante a consulta. É o caso da VPPB (vertigem posicional paroxística benigna), que se deve à deslocação de otólitos (muitas vezes chamados “cristais”) no ouvido interno. Esta é a causa mais frequente de vertigem e é tratada sem medicação, com a execução de manobras de reposição, pelo médico.
Outras causas menos frequentes são a neuronite vestibular ou a labirintite, causas de vertigem aguda, que necessitam de tratamento urgente pela sintomatologia exuberante.
Existem ainda patologias crónicas e recorrentes, como a Doença de Ménière, a Enxaqueca Vestibular, a VPPP (Vertigem Postural Persistente de Perceção) e a Hipofunção Vestibular Bilateral. Estes casos devem ser diagnosticados e orientados precocemente pelo otorrinolaringologista especializado em otoneurologia.
O tratamento da vertigem pode, portanto, passar por uma combinação de simples manobras reposicionadoras, medidas dietéticas, medicação ou reabilitação vestibular, com acesso a meios avançados de plataformas dinâmicas que ajudam a estimular e moldar o equilíbrio.
Em resumo, considera-se fundamental a avaliação pelo otorrinolaringologista com formação em otoneurologia, tanto nos casos de vertigem aguda como nos casos de tonturas recorrentes, para um correto diagnóstico e tratamento.