A enxaqueca afeta a humanidade por mais de dois milénios, com uma prevalência estimada de 8 a 15% nos países ocidentais (incluindo Portugal). Surge como a causa mais comum de incapacidade a nível mundial, sendo a 6ª causa mais comum de incapacidade de acordo com a Organização Mundial de Saúde. O facto de atingir pessoas maioritariamente em fase produtiva implica elevados custos socioeconómicos e acarreta um grande impacto na qualidade de vida dos indivíduos afetados.
A enxaqueca é mais frequente em mulheres com idades compreendidas entre os 25 e os 45 anos, mas pode instalar-se ainda na infância. Após os 50 anos de idade é menos vulgar e, neste caso, devem ser excluídas outras causas.
Em relação há enxaqueca surgem três questões fundamentais:
O que é?
A enxaqueca caracteriza-se por dor pulsátil geralmente unilateral (mas que pode ser variável na sua localização), de intensidade moderada a severa e que surge muitas vezes associada a sensibilidade à luminosidade, sons e certos odores, náuseas e/ou vómitos e que dura habitualmente 4 a 72h. A dor agrava com a atividade física e alivia com o repouso.
Em cerca de 1/3 dos doentes, a crise associa-se a défices neurológicos transitórios tais como perturbações visuais (perda de visão, sensação de visão turva, aparecimento de pontos luminosos, figuras geométricas ou de “zig-zags” no campo visual), sensação de formigueiros ou dormência de um lado da face e/ou corpo, dificuldade em falar ou mesmo paralisia transitória de um dos lados do corpo. Estas alterações têm habitualmente uma duração de 10 – 30 minutos e antecedem a instalação da dor.
Como diagnosticar?
O diagnóstico da enxaqueca baseia-se na história clínica e no exame físico, sobretudo no exame neurológico. Em alguns casos poderá ser necessário complementar a investigação diagnóstica com exames de imagem e de estudos analíticos.
Quais os tratamentos disponíveis?
Devido à melhor compreensão acerca dos mecanismos fisiopatológicos subjacentes à enxaqueca e à consciencialização de que a enxaqueca é uma patologia frequentemente subdiagnosticada e subtratada, com uma grande um impacto na qualidade de vida dos indivíduos por ela afetados, novas formas de tratamentos têm surgido recentemente e estão agora disponíveis. Um dos pilares no tratamento da enxaqueca consiste na prevenção das crises, sendo que para tal é crucial a identificação e correção de eventuais fatores precipitantes, sempre que exequível.
Durante a crise de enxaqueca está indicado o repouso num local sossegado e escuro, sendo que os analgésicos, anti-inflamatórios, ati-eméticos e triptanos são muito úteis no controlo agudo da dor.
Em casos selecionados poderá ser necessário recorrer a tratamento diário com medicação que se destinam a diminuir a frequência, intensidade e duração das crises de enxaqueca dos quais são exemplos alguns beta-bloqueantes, antidepressivos ou antiepilépticos. A escolha destes deve ser sempre personalizada atendendo ao perfil de cada doente, sob supervisão médica.