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Terapia de Casal: a(r)mar o casal para os desafios da relação

publicado em 14 Dez. 2020

As relações apresentam-se como uma parte crucial da nossa vida. Muitos estudos evidenciam que os relacionamentos e os problemas conjugais estão entre algumas das maiores fontes de stresse da vida, associadas a transtornos psicológicos, como a depressão e a ansiedade.

 

No período de namoro construímos sonhos, desejamos amor, intimidade, afeto, compromisso, confiança, segurança, partilha e honestidade. Muitas vezes, as divergências são minimizadas, o que não se aprecia tanto no parceiro é visto de uma forma romantizada, esperando-se que, depois do casamento ou da coabitação, os aspetos menos positivos se dissipem. Quando esta “magia” não sucede, surgem comportamentos que podem levar à rutura conjugal:

 

  1. Crítica destrutiva
  2. Defensividade
  3. Desrespeito e desprezo
  4. Fuga, ou seja, retirada emocional dos conflitos e o abandono da comunicação.

 

Outros problemas conjugais prendem-se ainda com as diferentes expetativas sobre a relação, a insegurança pessoal e/ou na relação; dificuldades na transição dos ciclos de vida, monotonia/desinteresse, relações extraconjugais, relacionamento com as famílias de origem, dificuldades na gestão (horária, doméstica, parental, financeira).

 

Tudo isto leva ao início do desinvestimento afetivo (mais hostilidade e negatividade), despoleta más recordações (o passado conjunto é recordado de forma negativa) e inicia-se um ciclo de insucesso nas tentativas de reconciliação devido à incapacidade de inverter o clima relacional negativo.

 

O período de confinamento parece ter intensificado este ciclo em alguns casais. Um ciclo que se assemelha a uma “guerra crónica”, em que de cada vez que um cônjuge diz algo o outro reage automaticamente, numa constante fricção, acabando por desligar-se do outro e da relação, minando a conexão íntima.

 

Esta “guerra” produz o efeito contrário daquilo que procuramos: amar e sentirmo-nos amados, sentirmo-nos bem connosco e com o outro. E o problema da “guerra” é o conflito frequente sem estratégia para o resolver. O ciclo deveria ser “armar, desarmar e reparar”; portanto, “conflito, resolução e recuperação”. Mas em vez de reparar e amar, este ciclo pode desencadear uma perceção negativa no cônjuge no seu todo, não apenas no comportamento mas como pessoa. O desafio é compreender que antes de “disparar” é preciso ouvir. Em situação de conflito, a capacidade de ouvir reduz para poucos segundos até prepararmos uma resposta. Mas não se sentir atacado irá prolongar o tempo de escuta ativa. É aqui que reside a diferença neste ciclo, “escutar” não significa “concordar”, significa olhar para o cônjuge, primeiramente, sob a perspetiva que os uniu: o amor. E desta forma utilizar o conflito como um desafio potenciador do crescimento emocional conjunto, e não como uma crise desencadeadora do fracasso conjugal. Serenar em vez de disputar; empatizar e não hostilizar; usar o cravo em vez da bala.

 

O que esperar então da Terapia de Casal? 1) Aprender a travar “guerras” juntos e não um contra o outro; 2) melhorar a satisfação e a comunicação do casal; 3) trabalhar a resolução de conflitos através de estratégias de resolução adaptativas a cada casal; 4) partilha da responsabilidade da mudança (tanto do casal como de cada cônjuge individualmente); 5) ausência de julgamento; 6) esclarecimento de mitos.