A doença venosa crónica é uma patologia progressiva e potencialmente grave, sendo também um problema de saúde pública, com inúmeras implicações socioeconómicas, que apresenta uma prevalência de 20-35% na população ativa e 50% nos aposentados e como tal, responsável pelo maior número de episódios de consulta e tratamentos, no âmbito da Cirurgia Vascular.
Os sintomas mais vulgares, consistem em queixas subjetivas e de difícil caracterização, sendo frequente a sensação de peso ou cansaço, ligeiro edema maleolar, bem como prurido e cãibras noturnas. Afetam preferencialmente o sexo feminino.
Com o desenvolvimento progressivo da doença varicosa, aparecem dilatações venosas superficiais clinicamente evidentes em diferentes localizações, consoante o território venoso afetado e a distribuição da insuficiência valvular. Além das aranhas vasculares vulgo derrames, que apresentam um compromisso essencialmente cosmético, a doença varicosa apresenta um conjunto potencial de complicações agudas ou tardias que podem alterar a sua evolução, com inúmeras consequências de gravidade variável.
As complicações agudas mais frequentes são a rutura venosa, com hemorragia de gravidade diferente consoante a intensidade, ou a trombose, vulgarmente designada por flebite, com dor e sinais inflamatórios locais (calor, rubor e endurecimento) sobre trajetos varicosos, que podem ser de pouca intensidade e localizados, ou progredir de forma ascendente e complicando-se com trombose venosa das veias profundas, ou mais raramente com uma embolia pulmonar.
As complicações tardias são reflexo direto do sofrimento cutâneo, com aparecimento de alterações pigmentares (escurecimento) na pele, que lentamente evoluem para uma dermatose progressiva, complicada em alguns casos pelo desenvolvimento de lesões tróficas (úlcera varicosa).
Consoante o tipo de varizes apresentadas, conselhos higieno-dietécticos, uso de medicação flebotónica, ou procedimentos cirúrgicos podem ser recomendados e explicados ao doente, de forma a rapidamente alterar e interromper a história natural desta doença.
O tratamento da doença venosa mudou muito nos últimos anos. Felizmente, um número significativo de técnicas minimamente invasivas tornaram-se cada vez mais fiáveis, eficazes e como tal, utilizadas por rotina.
Na minha prática clínica diária, aplico seletivamente cada uma destas técnicas (termoablação por radiofrequência, cola biológica, esclerose com espuma, laser vascular) muitas vezes associando mais do que uma no mesmo paciente. Cada situação clínica é um caso diferente de todos os outros.
A eficácia destes procedimentos em casos selecionados é semelhante à cirurgia clássica, mas o facto de serem intervenções menos invasivas, com pós-operatórios simples e praticamente indolores permitem que o doente retorne a sua atividade diária precocemente sem incapacidade funcional relevante.
Assim sendo e em jeito de conclusão, a mensagem que gostaria de aqui transmitir, é de que todos os doentes com este tipo de patologia, alguns deles já com tratamentos efetuados no passado com resultados pouco satisfatórios, não desanimem, não se resignem e não desistam. Atualmente existem soluções e capacidade técnica, bem como, motivação clínica para a resolução da esmagadora maioria. Com objetivas e evidentes melhorias sintomáticas e resultados cosméticos gratificantes.