Skip to main content

A hipertrofia das amígdalas e adenóides na criança

publicado em 12 Jul. 2019

O aumento de volume das amígdalas e/ou adenóides é a causa mais frequente de obstrução nasal persistente na criança, provocando uma respiração oral (pela boca). Deve-se a processos inflamatórios provocados essencialmente pela infeção recorrente destes tecidos e é favorecida por fatores ambientais, como a frequência de infantários e a exposição a poluição atmosférica e a fumo de tabaco.

 

A inspiração deve ser nasal, pois o interior do nariz tem a função de aquecer, filtrar e humedecer o ar. Em caso de obstrução nasal persistente, podem surgir consequências clínicas prejudiciais à qualidade de vida e à saúde da criança, tais como:
1) Rinossinusites (por vezes com escorrência nasal e tosse), laringites/traqueítes e bronquites
2) Otites agudas ou crónicas, com diminuição da audição que pode passar despercebida e ter consequências na linguagem
3) Secura dos lábios, boca e faringe e aumento da placa bacteriana (maior tendência para cáries dentárias)
4) Aerofagia
5) Voz “anasalada”
6) Alterações do desenvolvimento crânio-facial, provocando uma face com características típicas, nomeadamente músculos peri-orais flácidos com lábio superior curto e levantado, crescimento longitudinal da face com “céu da boca” estreito e alto e saliência dos dentes incisivos superiores. Podem assim surgir problemas ortodônticos com mal-oclusão, o que associadamente a alterações do posicionamento e força da língua, pode resultar em dificuldades em dificuldades na fala (articulação das palavras)
7) Roncopatia (“ressonar”) e Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono – podem provocar sono agitado e despertares frequentes, responsáveis por cansaço, cefaleias e sonolência diurna. Associadamente à obstução nasal persistente diurna, e principalmente se associadas a otites com diminuição da audição, podem causar alterações do comportamento, como irritabilidade e dificuldade de concentração, com consequentes dificuldades na aprendizagem. O excesso de suor noturno e a enurese também podem ocorrer
8) Diminuição do peso corporal e do crescimento devido a dificuldades na alimentação (provocadas por problemas no olfato, mastigação e/ou deglutição) e também devido a alterações na hormona do crescimento e no metabolismo (aumento do dispêndio energético noturno).
Perante o impacto desta doença no desenvolvimento da criança, torna-se evidente a importância de procurar uma consulta de Otorrinolaringologia, de modo a estabelecer um correto diagnóstico e definir um tratamento adequado em tempo útil.

 

O tratamento médico consiste em anti-inflamatórios e/ou antibióticos (podendo incluir tratamentos tópicos nasais) e no controle de patologias associadas, como a alergia e o refluxo gástrico. Quando os sintomas persistem apesar de um tratamento farmacológico adequado, pode ser necessário o tratamento cirúrgico, que consiste na remoção das amígdalas e/ou adenóides (amigdalectomia e/ou adenoidectomia). Estudos recentes demonstram que a remoção das amígdalas e/ou adenóides não compromete a função imunológica (“defesas”) da criança a médio prazo. Sendo assim:

 

1) não se associa a aumento da incidência de infeções ou de doenças alérgicas
2) a existência de alergias não é uma contra-indicação para estas cirurgias
3) não aumenta a incidência de asma.

 

Sempre que necessário, podem associar-se técnicas para redução do volume dos cornetos nasais ou para drenagem/ventilação do ouvido médio (miringotomia).

 

Estas cirurgias são um tratamento eficaz e com persistência de resultados a longo prazo e têm vindo a ser realizadas com novas técnicas minimamente invasivas, como a utilização de radiofrequência, disponíveis no Trofa Saúde Hospital.