A otite média serosa (“líquido nos ouvidos”) é a patologia mais comum na infância, sobretudo, entre um e seis anos de idade. Não surpreende, pois, que a cirurgia mais frequente na infância seja a que é usada para drenar esse mesmo líquido: a miringotomia com colocação de tubos de ventilação.
Deve pensar-se na possibilidade desta doença perante:
- Episódios repetidos de otite (três ou mais vezes por ano);
- Suspeita de perda auditiva, nomeadamente, quando há atraso da fala/ linguagem.
O ressonar ou dormir sistematicamente com a boca aberta são também sinais potencialmente indicadores deste problema. E porquê? Porque o nariz e os ouvidos comunicam através de canais (trompas de Eustáquio). O seu bloqueio pode resultar na tal acumulação de líquido nos ouvidos. A causa mais provável é o aumento das glândulas existentes na parte de trás do nariz: as adenoides. No entanto, se o ressonar for sazonal (primavera), a rinite alérgica é outro dos motivos possíveis para esta situação.
A avaliação na consulta de Otorrinolaringologia é fundamental por várias razões:
- As otites de repetição implicam o uso recorrente de antibióticos, que poderão vir a perder eficácia devido à resistência bacteriana;
- A dificuldade auditiva prejudica a aquisição da fala/linguagem na idade correta;
- O ressonar sistemático pode estar associado a uma perturbação da qualidade do sono, estando na base de sonolência diurna, má disposição e dores de cabeça matinais, mau rendimento escolar e, até, problemas de crescimento (devido a uma menor chegada de oxigénio ao organismo).
Pode tentar-se tratamento nasal (sprays corticoides), eventualmente em conjunto com anti-inflamatórios e anti-histamínicos orais. Contudo, na maior parte dos casos, a solução será a cirurgia. Geralmente, a remoção das adenoides (adenoidectomia) acompanha a cirurgia aos ouvidos. Em alguns doentes, também poderá ser necessário retirar as amígdalas (amigdalectomia) ou fazer a redução dos cornetos nasais, que estão aumentados, por exemplo, na rinite alérgica.
